Título: Oposição revida reforçando CPI das ONGs
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 29/05/2009, O País, p. 8

Fundo Soberano é enterrado, e ex-diretores da Casa vão depor

BRASÍLIA. O troco da oposição à negativa do governo de ceder um dos cargos de comando da CPI da Petrobras chegou rápido. Menos de 24 horas depois de o PMDB comunicar que não apoiaria o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) para a presidência da comissão, os oposicionistas abriram três frentes de contra-ataque: emplacaram o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) na relatoria da CPI das ONGs - que será transforma numa espécie de "subsidiária" da CPI da Petrobras -, inviabilizaram a aprovação da MP do Fundo Soberano, que vence na segunda-feira, e ainda conseguiram que a Mesa do Senado aprovasse a convocação de João Carlos Zoghbi e Agaciel Maia, ex-diretores da Casa, para depor, em reunião aberta, sobre denúncias de irregularidades na instituição, o que deverá provocar novos constrangimentos ao PMDB e ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da CPI das ONGs, anunciou na quarta-feira à noite que o tucano Arthur Virgílio seria o novo relator da comissão, destituindo do cargo o governista Inácio Arruda (PCdoB-CE), que, para ser titular da CPI da Petrobras, virou suplente na investigação das ONGs.

Ao perceber a manobra, o governo tentou reverter o erro da base, recolocando Inácio Arruda como titular da CPI das ONGs. Mas já era tarde. Heráclito convocou reunião da CPI das ONGs, para a qual só Virgílio compareceu, e anunciou que daria uma semana para o novo relator tomar pé da situação.

- Gostaria de agradecer o trabalho do senador Inácio Arruda, mas, como tomei conhecimento pelo Boletim Informativo de sua decisão de deixar a vaga de titular da CPI das ONGs, e houve a vacância do cargo de relator, como presidente me senti na obrigação de nomear um substituto - justificou Heráclito.

- Foi uma decisão arbitrária. A oposição quebrou um acordo pelo qual eles ficariam com a presidência e o governo, com a relatoria da CPI das ONGs. Ninguém pode ser destituído dessa forma. Essa reunião não existe, não tinha sequer quorum - protestou Inácio Arruda.

O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), responsável pelas trocas, anunciou que a base só voltará a dar quorum na CPI das ONGs depois que Inácio Arruda for restituído como relator:

- Eles decretaram o enterro da CPI das ONGs. Vão ficar com a presidência e a relatoria de uma CPI que não existe. (A.V.)