Título: Mantega: recessão não reflete quadro atual
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Globo, 29/05/2009, Economia, p. 27

"Estamos olhando com retrovisor. O importante é que já estamos em processo de recuperação"

Martha Beck e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou o fato de o país ter fechado o primeiro trimestre em recessão técnica (retração do PIB por dois trimestres consecutivos). Em audiência no Senado, afirmou que isso não reflete o quadro atual da economia, que já está em recuperação e deve fechar o ano com crescimento. Para 2010, previu alta entre 3% e 4%, inferior aos 4,5% projetados na Lei de Diretrizes Orçamentárias:

- No último trimestre de 2008 houve queda forte do nível de atividade, e, no primeiro trimestre deste ano, já sabemos que houve crescimento negativo. Mas esse conceito de recessão técnica, me desculpem os economistas, sou um deles, são conceitos que podem ser adotados ou não.

Segundo ele, o conceito não diz nada sobre o que está acontecendo na economia agora:

- Estamos olhando com retrovisor, e com retrovisor nós tivemos esse período de baixo nível de atividade. O importante é que já estamos em processo de recuperação.

Assim como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Mantega disse que o momento atual - com o real se valorizando - é uma oportunidade para o Brasil aumentar reservas, hoje em US$205 bilhões. Para o ministro, o dólar está enfraquecido em relação a várias moedas, e o fortalecimento do real mostra a confiança de investidores no Brasil.

Mantega considerou "anomalia" os juros ainda muito altos no país. Mas disse que as taxas caminham para a normalidade nos próximos dois anos.

Sem conseguir aprovar na quarta-feira a medida provisória (MP) 452, que trata do Fundo Soberano e altera o licenciamento ambiental em rodovias, o Ministério da Fazenda analisa alternativas. Segundo o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o governo editará uma nova MP, mas "com outra roupagem" e "sem pressa" - apesar de a atual MP perder a validade na segunda-feira. O discurso é de que a MP já cumpriu seu objetivo: permitir a emissão de títulos da dívida pública para capitalizar o Fundo Soberano.