Título: Lobão teme por empréstimos externos à estatal
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 03/06/2009, O País, p. 3

Diretor da ANP diz que CPI é inoportuna e vista de forma negativa no exterior

BRASÍLIA. Com um discurso afinado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, alertaram ontem para o risco de a CPI da Petrobras dificultar a captação de recursos pela empresa junto a instituições internacionais num momento crucial para o país. Embora ressaltando que a investigação não deve paralisar a Petrobras, Lobão afirmou que ela pode criar dificuldades.

- Temos algum receio de que os empréstimos externos, que são concedidos regularmente, possam sofrer alguma dificuldade em razão da CPI. Não pelo que se possa descobrir, mas porque sempre existe pressa - disse o ministro , explicando que no exterior os financistas "ficam de cabelos arrepiados" com CPIs.

Classificando a CPI como "inoportuna", o diretor-geral da ANP afirmou que a investigação pode prejudicar o processo de construção do setor de petróleo no Brasil, porque a Petrobras é vista no mercado internacional como "fato importantíssimo do setor de petróleo no país".

- Lá fora, no exterior, a menina dos olhos dos grandes investidores estrangeiros é o Brasil. De repente aquela que é a empresa vitoriosa está sendo investigada! A forma como isso é visto pelo investidor estrangeiro é negativa - afirmou Haroldo Lima, após participar, com Lobão, de um debate no plenário da Câmara sobre a exploração do pré-sal.

Haroldo Lima disse que, para a ANP, a CPI não terá problemas, porque a agência já é investigada pelo Tribunal de Contas da União, pela Controladoria Geral da União e pela Advocacia Geral da União:

- É muito difícil escapar pela ANP alguma coisa que seja chocante - afirmou, criticando o espírito "policialesco" das CPIs: - Como congressista que fui durante 20 anos, delegacia de polícia é lá fora; nós não somos delegados de polícia.