Título: Até fim do ano, Brasil será bom negócio
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 03/06/2009, Economia, p. 25

NOVA YORK. Entre os fundos de Nova York, o Atlas Capital Management está entre os que mais investem em emergentes para obter rendimentos maiores. Um de seus principais gerentes, Rogerio Cherquer, diz que o Brasil tem vantagens competitivas. Para ele, que administra mais de US$200 milhões, não é surpresa que a entrada de dólares no país esteja crescendo tanto.

Marilia Martins

Por que o Brasil é hoje tão atraente para investidores americanos?

ROGERIO CHEQUER: O Brasil tem um modelo econômico menos dependente de exportações, com alternativas de crescimento na demanda doméstica. Além disto, a disciplina monetária do Banco Central ganhou a confiança do mercado. Em tempos de crise, os investidores buscam oportunidades atraentes em economias que não estejam tão sujeitas aos ajustes globais provocados pela queda de consumo nos EUA e na Comunidade Européia. O Brasil atual tem este perfil.

Mesmo comparado a outros emergentes, como Rússia, Índia e China, e com uma previsão de baixo crescimento para 2009, o país continua atraente?

CHERQUER: Sim. A instabilidade política da Índia, sobretudo com relação ao vizinho Paquistão, é um fator que afasta investidores. A Rússia depende em demasia de recursos naturais e os preços do petróleo e do gás tiveram altas e baixas muito fortes recentemente. Então, o Brasil tem competido com a China. Ambos têm condições de recuperar-se com mais rapidez.

E por que este volume de investimentos tão grande?

CHERQUER: É possível que o pior já tenha passado, mas a recuperação será lenta. Por isto, os investidores buscam cenários que devem melhorar mais rapidamente.

Por quanto tempo os investidores vão continuar dirigindo seus dólares para o Brasil?

CHEQUER: É difícil fazer uma previsão. Mas tudo indica que até o fim deste ano, o Brasil continuará a ser um bom negócio.