Título: Após oito quedas, dólar sobe e vai a R$1,964
Autor: Frsich, Felipe
Fonte: O Globo, 04/06/2009, Economia, p. 27

Recuo de 3,54% da Bolsa de SP ajuda a puxar a cotação. No ano, moeda ainda acumula desvalorização de 15,85%.

RIO, NOVA YORK, WASHINGTON e SÃO PAULO. Depois de oito dias seguidos de queda, o dólar subiu ontem 2,08%, para R$1,964, quatro centavos acima da véspera. Parte da alta foi atribuída à queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que perdeu quase dois mil pontos: caiu 3,54%, para 52.086 pontos. Segundo analistas, investidores aproveitaram o dia ontem para vender ações e embolsar lucros recentes. No ano, a Bolsa ainda sobe 38,71%.

A venda de ações por parte de estrangeiros resultaria na compra de dólar para enviar os ganhos aos seus países. Mas a alta da moeda também foi considerada normal, após uma queda acumulada de 5,55%, com investidores aproveitando para comprar dólares. No ano, a moeda ainda cai 15,85%.

Além desses movimentos de ajuste, a pressão de queda sobre o dólar diminuiu, com o vencimento na segunda-feira das operações de swap reverso que haviam sido firmadas entre o Banco Central (BC) e instituições financeiras. Por elas, o BC compraria dólares no começo de junho a R$2,14. Para os bancos, o ideal seria que o dólar caísse no mercado à vista, para ganhar mais com a diferença.

Sadia e Perdigão cumprem 1ª etapa do acordo de fusão

O diretor-executivo de Câmbio da NGO Corretora, Sidnei Nehme, diz que a recuperação do dólar só não começou na véspera porque os bancos ainda apostam na queda do dólar na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Segundo Nehme, para comprar dólares e sair das operações, os bancos tentam manter a divisa barata para reduzir o custo da troca de posição.

O movimento de venda de ações foi iniciado pelas notícias da queda do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro e pelos dados de desemprego dos Estados Unidos. Ontem, a ADP Employer Services, divulgou que as empresas eliminaram 532 mil empregos em maio, número maior que o esperado pelos analistas.

No mercado americano, o índice Dow Jones recuou 0,75%, o S&P 500, 1,37% e a Nasdaq, 0,59%. Já os preços do petróleo caíram puxados por um inesperado aumento nos estoques do combustível nos EUA em 2,9 milhões de barris na semana passada, segundo a Administração de Informação de Energia. Em Nova York, o barril do tipo leve fechou cotado a US$66,12, uma queda de 3,5%. Em Londres, o preço do barril do tipo Brent caiu 3,4%, para US$65,88.

Sadia e Perdigão cumpriram ontem a primeira etapa do acordo de fusão de suas operações, anunciado em 19 de maio e que resultará na criação da Brasil Foods (BRF). Em fatos relevantes enviados na noite de ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as empresas confirmam a adesão dos controladores ao acordo de associação. No caso da Sadia, o acordo estabelecia que pelo menos 51% dos detentores das ações ordinárias, que na sua maioria estão em poder de membros das famílias Furlan e Fontana, teriam de concordar em transferir suas ações ao capital da HFF Participações, que mais adiante será incorporada pela BRF. O prazo inicial de 15 dias para a conclusão desse processo expirava ontem.

COLABOROU: Ronaldo D"Ercole, com agências internacionais