Título: Professores da USP também entram em greve
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 05/06/2009, O País, p. 10
Funcionários já pararam há um mês; docentes querem 17% de aumento e condenam ocupação da universidade pela PM
SÃO PAULO. Professores da Universidade de São Paulo (USP) decidiram ontem entrar em greve a partir de hoje, pouco mais de um mês após os funcionários da entidade terem iniciado processo de paralisação. Os estudantes da universidade realizaram assembleia ontem à noite para discutir se iriam aderir ou não à greve. Os discursos inflamados feitos ao longo do dia indicavam que os alunos também iriam parar.
Os professores decidiram pela greve depois de um dia de protestos acirrados por causa da presença de policiais militares que cumpriam ordem de reintegração de posse e que ocupam a Cidade Universitária há dois dias. Nas duas últimas semanas, funcionários haviam impedido o acesso a dez portarias de sete prédios da instituição, e foram retirados pela PM.
USP afirma que PM só sai após fim dos piquetes
A direção da USP informou ontem aos alunos que a PM só deixará o campus após o fim das manifestações e dos piquetes que impediam o acesso a prédios da universidade, inclusive a reitoria. O secretário estadual de Educação, Paulo Renato de Souza, tem classificado de infundadas as reivindicações dos funcionários.
- A negociação tem que respeitar em primeiro lugar o interesse público e o interesse dos alunos. Se você pede o impossível, aí não dá para negociar - disse ele.
Os professores, que pedem aumento salarial de 17%, assim como os funcionários, disseram que a presença dos soldados acirrou os ânimos dos manifestantes, levando-os a decidir pela greve, decretada ontem à tarde.
- São vários os eixos de greve, como a questão salarial, mas um deles é porque não aceitamos a presença da polícia para impedir negociações que têm a ver com questões políticas internas - disse ontem a diretora da Associação dos docentes da USP (Adusp), Suzana Salem.
A USP tem cerca de 5 mil alunos. Eles pretendem se reunir hoje com a reitora da universidade, Suely Vilela, para discutir a pauta unificada do comando de greve e também pedir a retirada dos policiais que estão diante dos prédios da instituição. A direção da universidade não tinha definido até ontem à noite se iria ou não se reunir com os manifestantes hoje. Cerca de 200 PMs foram deslocados para a USP.
Pela manhã, os alunos fecharam a entrada e interditaram a rua principal que dá acesso ao campus. A polícia foi acionada e, vinte minutos depois, os manifestantes liberaram o acesso
- Não podemos admitir que militares ocupem nossa universidade quando, na verdade, a direção deveria estar aberta ao diálogo, o que não está acontecendo - disse um dos líderes estudantis, Vinicius Zaparoli, integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Em nota oficial, o Fórum das Seis, composto por entidades representantes de professores e funcionários das três universidades paulistas (USP, Unifesp e Unicamp), criticou a presença dos policiais na universidade. "É um insulto à autonomia universitária", afirma a nota.