Título: Piauí: prejuízo de vítimas chega a R$37 milhões
Autor: Ribeiro, Efrém
Fonte: O Globo, 08/06/2009, O País, p. 4

Inundação provocada por rompimento de barragem exigirá reconstrução de 350 casas

TERESINA. A presidente da Empresa de Gestão de Recursos do Estado do Piauí (Emgerpi), Lucile Moura, disse ontem que os danos pessoais das famílias desabrigadas pelo rompimento da Barragem Algodões I, em Cocal, a 270 quilômetros de Teresina, no dia 27 de maio, foram calculados em R$37 milhões, recursos que serão liberados pelo Ministério da Integração Nacional.

Lucile informou que a inundação atingiu 800 famílias, o que representa um total de 2.973 pessoas. Pelo menos 11 pessoas morreram na tragédia. A inundação destruiu ou afetou a estrutura de 150 casas. Moradores de outros 200 imóveis alagados, mas não comprometidos, se recusam a voltar a residir no local. Por isso, o governo pretende reconstruir 350 casas. Segundo Lucile, a Agência de Desenvolvimento da Habitação (ADH) do Piauí fará o levantamento do novos locais onde as moradias serão reconstruídas.

Famílias desabrigadas vão receber R$5 mil do governo

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), decidiu pela entrega de R$5 mil para as famílias desabrigadas e atingidas pelas águas da barragem. Lucile Moura falou que, deste valor, as famílias irão receber uma parte em dinheiro e a outra em forma de crédito depositado, em conta de cada família no Banco do Brasil para a compra de geladeiras, fogões e outros utensílios domésticos.

As localidades atingidas pela inundação são na zona rural de Cocal, e as famílias só têm acesso ao sinal das emissoras de TV por antenas parabólicas. Por isso, durante as reuniões com o governo do Piauí, elas lembraram que também foram destruídas as antenas parabólicas.

Dias afirmou que fará uma reunião com as famílias, que saem hoje dos colégios públicos estaduais e municipais e irão para uma escola agrícola de Cocal, para decidir se uma nova barragem será construída para retenção das águas do rio Pirangi, que fica na divisa dos estados do Piauí e Ceará.

Lucile informou que as famílias estão traumatizadas e não querem a reconstrução da Barragem Algodões I. Ela disse acreditar, porém, que em novembro e dezembro essas famílias poderão mudar de opinião porque suas vidas estavam ligadas ao vale banhado pelas águas do Rio Pirangi, retidas pela obra.

Estado e Exército ainda fazem avaliação dos danos

As avaliações dos equipamentos públicos e comunitários em uma área de 85 quilômetros nos municípios de Cocal e Buriti dos Lopes, atingida pela inundação provocada por ondas de até 20 metros, surgidas com o rompimento da barragem, continuam sendo feitas pelo Exército e secretarias da Defesa Civil e de Assistência Social e Cidadania.

- Eu perdi tudo. As águas levaram até o puxado da minha casa, o freezer, as panelas e liquidificadores que usava para fazer bolos para vender e ajudar na sobrevivência de minha família - contou a dona de casa Raimunda Humbelina de Oliveira, que tinha um pequeno comércio de bolos, salgados e refrigerantes na sua casa em Cocal.

* Especial para O