Título: Partidos disputam cargo de José Múcio
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 06/06/2009, O País, p. 10

Palocci é um dos nomes do PT; PMDB pode indicar Henrique Eduardo Alves

BRASÍLIA. A provável indicação do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), para a vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) abre uma disputa entre os partidos da base aliada pelo cargo de articulador político do governo. O presidente Lula considera Múcio a melhor opção para a vaga do TCU, que será aberta com a aposentadoria do ministro Marcos Villaça, este mês, mas não tem pressa para formalizar a escolha justamente para não desencadear a disputa pelo cargo.

Mas a disputa, ainda silenciosa, já está em curso. Uma solução que começa a ser analisada no núcleo do governo é aproveitar a mudança num dos cargos políticos do Planalto para recolocar no governo o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP). Seria o primeiro passo para, em 2010, Palocci assumir a Casa Civil - incorporando a articulação política - com o provável afastamento da ministra Dilma Rousseff para concorrer à Presidência.

Lula aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal sobre se aceita, ou não, a denúncia do Ministério Público Federal de que o ex-ministro da Fazenda ordenou a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Lula acha que é melhor ter Palocci no governo até o fim, deixando a disputa de novo mandato eletivo para 2014 - confiando que o ex-ministro terá lugar num eventual governo Dilma.

Mas os partidos da base também desejam o cargo de Múcio. O PMDB já deixou claro que quer ocupar espaço na coordenação política do governo, na condição de maior legenda aliada. Nenhum ministro do partido participa do grupo do núcleo do governo. Neste caso, uma das opções seria o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), mas haveria problemas porque ele deve disputar a reeleição em 2010. E Lula não gostaria de fazer outra troca em abril.

Grupo do PT tenta emplacar o deputado Arlindo Chinaglia

Outra frente de pressão está no PT. Um grupo tenta emplacar no Planalto Arlindo Chinaglia (PT-SP), que tem resistência do próprio Lula, além de ser também candidato à reeleição. No governo, Chinaglia é considerado um político com pouca habilidade de negociação.

Uma quarta opção seria a nomeação do subchefe de assuntos parlamentares da Presidência, Marcos Lima. Petista ligado ao governador da Bahia, Jaques Wagner, Lima é considerado um nome com trânsito nos partidos da base, especialmente nos menores, como PTB, PR, e PP. Ele é o homem do Planalto que trata da liberação das emendas parlamentares. E também dos pedidos de cargos dos aliados.

Ao ser perguntado ontem pelo GLOBO sobre as mudanças em sua pasta, o ministro José Múcio disse apenas que estava "jogando parado":

- Eu não sei de nada. Já viu alguém jogando parado em campo? Sou eu.