Título: França não descarta terrorismo
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Fonte: O Globo, 06/06/2009, Rio, p. 12

Falta de ameaça ou reivindicação por grupo não excluiria risco de ataque ao avião.

PARIS. Em meio ao mistério que cerca o desaparecimento do voo 447 da Air France, o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, disse ontem, em Paris, que a hipótese de um atentado terrorista não está excluída das investigações.

- Não há elemento ou pista que nos permita corroborar essa hipótese. Mas a investigação em curso jamais a excluiu, porque a principal ameaça hoje à nossa democracia é o terrorismo - declarou o ministro, na Associação de Jornalistas da Imprensa Aeronáutica.

Alguns especialistas haviam considerado remota a hipótese de um atentado terrorista, já que não houve um alerta prévio nem grupo algum reivindicou a ação. Mas, ontem, Morin lembrou que já houve casos de atentados a aviões em que os ataques não foram reivindicados. Um dos casos mais conhecidos foi o atentado ao Boeing 747 da Air Índia, que explodiu sobre o espaço aéreo irlandês em 1985, matando mais de 300 pessoas.

A imprensa francesa nunca chegou a descartar a hipótese de terrorismo. Numa entrevista ao jornal "Le Figaro", logo após o acidente, um piloto da Air France, que não quis se identificar, levantou a possibilidade de uma bomba no avião. "Pode-se bem imaginar que uma bomba tenha provocado uma despressurização da aeronave, e que o avião tenha se desfeito em pedaços. Uma bomba potente explicaria a falta de tempo de enviar um sinal de alerta", especulou o piloto.

Dias antes do desaparecimento do voo AF 447, em 27 de maio, um outro avião da Air France, em Buenos Aires, chegou a ser evacuado após uma ameaça de bomba. O Boeing 777 foi revistado, mas a ameaça se revelou um alerta falso. Nos Estados Unidos, o Pentágono disse não ver sinais de envolvimento de terrorismo no acidente do AF 447.