Título: Juros ainda altos e câmbio preocupam
Autor: Casemiro, Luciana
Fonte: O Globo, 07/06/2009, Economia, p. 32

Economistas dizem que combinação pode ser perversa para recuperação

Luciana Casemiro

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), esta semana, para decidir sobre a taxa de juros da economia, atualmente em 10,25% ao ano, vai dividir as atenções com o anúncio do resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano ¿ que deve confirmar a recessão técnica da economia brasileira. A expectativa dos analistas é de corte de um ponto percentual na Taxa Selic, para 9,25%. Mas, mesmo que isso ocorra, a taxa continuará a ser uma das mais altas do mundo. Além disso, a valorização do real preocupa o setor produtivo e os economistas.

Na avaliação de Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análises e Projeções (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), seria ¿absurda¿ uma redução inferior a um ponto percentual na Selic. Para ele, aliás, os juros brasileiros estão num nível fora de padrão: ¿ A inflação está em queda e o nível de atividade, abaixo do esperado. Os juros altos aumentam o custo de se manter estoque, o que leva a necessidade de escoamento dos produtos, reduz a produtividade e leva ao risco de inflação no futuro quando houver uma retomada. Isto fora o custo que representa do ponto de vista fiscal e o estímulo à valorização do real.

Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a valorização do real frente ao dólar tem afetado a competitividade dos produtos brasileiros, já prejudicados pela crise internacional e pela política cambial na China.

¿ O impacto do câmbio valorizado será sentido em julho e agosto, já que há contratos longos.

O fato é que se o dólar chegar a R$ 1,80, as exportações ficam praticamente inviabilizadas.

Há quem continue vendendo, apesar de registrar prejuízo, para não perder mercado.

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Em queda, pela 16avez País está melhor para enfrentar turbulência O CASAL de namorados Fabrício Reis e Natália Kitada frequentam juntos a fila de desemprego Antonio Correa de Lacerda, professor da PUC-SP, concorda que o real valorizado prejudica o setor produtivo. A redução dos juros deteria o capital especulativo que realimenta a valorização do real: ¿ A indústria opera 15% abaixo do nível de 2008 e a apreciação do câmbio dificulta a recuperação.

O problema é conseguir romper o apelo populista de usar o câmbio baixo para criar uma euforia no curto prazo.

Para Joaquim Elói Cirne de Toledo, ex-professor da USP, se atribui mais relevância aos juros do que eles têm: ¿ Não vejo diferença na redução de 0,75 ou um ponto