Título: Defesa Civil admite falhar na prevenção de acidentes
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 07/06/2009, O País, p. 9

Na última quinta-feira, secretária nacional não sabia dizer sequer quantas barragens estão em situação de risco

Demétrio Weber

BRASÍLIA. A secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Maria Valente, admite falhas no sistema de prevenção de acidentes, como o da Barragem Algodões I, no Piauí, que se rompeu e matou pelo menos 11 pessoas, no mês passado. Mas ela defende o atual modelo descentralizado, em que os gestores locais são os responsáveis pela fiscalização. Segundo a secretária, a Defesa Civil nacional não tem como monitorar todas as situações de risco no país, de barragens a encostas de morro e usinas nucleares.

- O sistema fortalecido é com cada um fazendo a sua parte - diz Ivone.

Ela afirma que a Secretaria Nacional de Defesa Civil, com sede em Brasília e vinculada ao Ministério da Integração Nacional, tem cerca de cem funcionários, sendo apenas 22 engenheiros aptos a vistoriar obras. O órgão mantém o Centro Nacional de Gerenciamento e Administração do Desastre, de onde técnicos telefonam diariamente para as coordenações estaduais de Defesa Civil.

No caso das barragens, o governo federal fiscaliza apenas as 326 unidades administradas pelo Departamento de Obras contra Secas, do Ministério da Integração Nacional. Nas demais barragens, o serviço compete a estados e municípios. Quinta-feira passada, a secretária não sabia dizer que barragens estão em situação de risco:

- Não temos essa informação. Você me despertou para uma questão importante. Essa é uma informação que a gente tem que ter - admitiu ela.

Ivone disse que ainda não recebeu cópia do relatório técnico que, dias antes do rompimento de Algodões I, atestou a segurança da obra, permitindo o retorno de parte dos moradores que havia deixado a área.