Título: Poupança bate fundo com taxa de administração acima de 1%
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 11/06/2009, Economia, p. 27

Cobrança abaixo disto vale para aplicações acima de R$100 mil

O persistente investidor de fundos de renda fixa e DI (que compram títulos públicos federais, os quais acompanham a taxa básica de juros, Selic) que quiser ter uma rentabilidade superior à da poupança deverá aplicar seus recursos em um fundo com taxa de administração inferior a 1% ao ano. Atualmente, entre os grandes bancos de varejo, esta taxa é quase uma exclusividade de quem tem mais de R$100 mil para investir.

A redução da Selic ontem para 9,25% ao ano deixará o rendimento dos fundos que cobram taxa de administração acima de 1% anuais limitados a 0,52% ao mês. Enquanto isso, a caderneta de poupança passa a render cerca de 0,54% mensal. As contas são do matemático José Dutra Sobrinho e consideram um Imposto de Renda (IR) de 15% nos fundos de investimento, alíquota que só vale para quem está há mais de dois anos na aplicação.

Mas o investidor que tem o dinheiro aplicado há menos de seis meses, e paga IR de 22,5%, já tem rendimento inferior à caderneta. Mesmo nos fundos com taxa de administração de 0,5% ao ano, a menor faixa do mercado, o rendimento estimado é de 0,541% ao mês, contra o 0,542% da poupança.

Por enquanto, não há incidência de IR sobre a caderneta de poupança, embora seja este o projeto do governo para aplicações acima de R$50 mil, a partir de 2010. O texto com a medida ainda não foi enviado ao Congresso. A cobrança pode inibir a migração para a caderneta. Mas, segundo especialistas, as medidas só devem surtir efeito se houver unificação da alíquota do IR dos fundos em 15%.

- O primeiro movimento agora será os bancos reduzirem as taxas de administração dos fundos. Se não houver um atrativo para as carteiras, a tendência é que as pessoas procurem outro instrumento para fazer render o seu dinheiro - avalia Octavio Vaz, gestor de renda fixa da Global Equity.

O movimento já começou em algumas instituições, ainda que de forma tímida ou indireta. Na semana passada, o Bradesco reduziu as aplicações mínimas de seus fundos que cobram taxas de administração mais baixas.

- Não faz mais sentido ter taxas de administração tão altas - diz José Góes, economista da WinTrade.

Vaz, da Global, defende que uma solução definitiva para a questão seria atrelar o rendimento da poupança a um percentual da Selic, inferior ao que os fundos oferecem. Mas reconhece que a medida enfrentaria forte resistência política.