Título: Oposição tenta acelerar CPI da Petrobras
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 15/06/2009, O País, p. 4

Estratégia é devolver relatoria da CPI das ONGs para resolver impasse que vem adiando a investigação

BRASÍLIA. O líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), defendeu ontem que a oposição abra mão da relatoria da CPI das ONGs para tentar acelerar a instalação da outra Comissão Parlamentar de Inquérito, a da Petrobras. Para ganhar tempo e empurrar o início das investigações sobre a empresa estatal para agosto, a base governista vem utilizando o argumento de que não aceita iniciar a CPI enquanto a oposição não devolver a partidos aliados do Palácio do Planalto a relatoria da CPI das ONGs.

O cargo hoje está ocupado pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), mas antes era do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que deixou aberta sua vaga ao ser nomeado para uma vaga de titular da CPI da Petrobras - o regimento interno do Senado impede que um senador seja titular em duas CPIs.

- Vamos cuidar de resolver a questão da relatoria da CPI das ONGs para que o governo não tenha mais desculpas para não fazer funcionar a CPI da Petrobras. A oposição está em sintonia com a opinião pública, e vamos cumprir com nossa obrigação, que é instalar a CPI da Petrobras - disse Agripino.

O parlamentar argumentou que é preciso tirar do governo o discurso que tem impedido a abertura da CPI. E, para isso, o melhor, neste momento, é destravar o caminho, entregando a relatoria à base do governo.

Por conta do impasse criado, os governistas vêm se ausentando da CPI das ONGs, impedindo que haja quórum para que os trabalhos prossigam. Segundo eles, a vaga de relator nessa CPI pertence ao bloco de apoio ao governo.

A oposição avalia, agora, que é mais importante abrir a CPI da Petrobras do que insistir na relatoria da CPI das ONGs, que se arrastava há meses sem nenhuma grande novidade no Senado. Amanhã, Arthur Virgílio pretende reunir a bancada do PSDB para discutir sua possível saída da relatoria.

- Devolver a relatoria para o governo não é uma decisão simples, que se possa tomar sozinho. Antes de mais nada, preciso consultar meu partido. Mas não vamos sair simplesmente - afirmou o líder tucano, sinalizando que a oposição poderá exigir uma contrapartida dos partidos governistas antes de devolver a relatoria da CPI das ONGs.