Título: Gabrielli nega tentativa de esvaziar reportagens e diz que blog é democrático
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 09/06/2009, O País, p. 4

UM POÇO DE POLÊMICAS: Presidente da Petrobras compara denúncias a um soco

Para ele, é correto divulgar questionamentos de jornalistas antes da publicação

Lino Rodrigues

SÃO PAULO. O presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, negou ontem que a criação do blog "Fatos e Dados" faça parte de estratégia da empresa para esvaziar reportagens, mas admitiu que a ideia surgiu porque a estatal vive "um momento de intensa exposição". Ele classificou o blog - que vem vazando informações de reportagens em apuração pelos meios de comunicação - de "novidade democrática".

- Estamos apostando num instrumento, criado num momento de intensa exposição sobre temas da Petrobras, com várias interpretações diferentes, conotações distintas, matérias insinuadoras que precisam ser publicadas na íntegra. Não estamos dando opinião antes. A nossa opinião é posterior à publicação - disse Gabrielli, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, ontem à noite.

Gabrielli disse que a intenção, com o blog, foi criar um veículo de comunicação que fique "entre a fonte e os leitores".

- Normalmente, a gente tem um intermediador entre a fonte e o público, que é o veículo. Agora temos uma fonte nova que reflete um pouco a existência da internet - disse Gabrielli. - Estamos fazendo com que o público tenha acesso, ao mesmo tempo que o jornalista, à informação que estamos dando.

Presidente da estatal diz que blog "veio para ficar"

Para o presidente da estatal, a novidade criada pela Petrobras deverá ser usada por outras empresas e instituições.

- É fruto da democracia da informação que a internet traz.

Indagado sobre a divulgação das perguntas, retrucou:

- Não (divulgamos as perguntas); divulgamos a informação que o jornalista recebeu privadamente - disse ele, para quem é certo divulgar a informação antes de o jornal publicá-la.

- A informação é gerada por quem? Quem é a fonte de informação? É uma novidade democrática, é uma transparência para o Brasil - afirmou Gabrielli, que não pretende voltar atrás: - Veio para ficar.

Para Gabrielli, o impacto da CPI da Petrobras limita-se ao Brasil e não chegou ao mercado internacional. Segundo ele, uma CPI sem clareza sobre o que deve apurar vai se limitar a criar ataques à empresa. Gabrielli comparou a Petrobras a um grande lutador e as "denúncias infundadas e generalizadas", a um soco no fígado.

- Um lutador grande, se recebe um soco no fígado, não cai. Mas, se esse soco no fígado for permanente, ele vai enfraquecendo e um dia cai. Esses socos no fígado são as acusações infundadas.