Título: Câmbio pressiona decisão sobre juro
Autor: Santiago, Anna Luiza
Fonte: O Globo, 09/06/2009, Economia, p. 22

Fazenda defende corte para ativar economia. BC resiste a reduzir fortemente a Selic

Martha Beck e Patrícia Duarte

BRASÍLIA. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa a discutir hoje a trajetória da taxa de juros básicos, a Selic, pressionado pelo câmbio. Diante da atratividade do mercado brasileiro para os investidores estrangeiros, a forte entrada de dólares no mercado tem prejudicado as exportações e preocupado os integrantes da equipe econômica. O Ministério da Fazenda já informou ao presidente Lula que não tem como conter esse movimento e que, na verdade, caberia ao BC combinar dois instrumentos para minimizar os efeitos da queda da moeda americana: reduzir juros e aumentar compra de reservas.

No auge da crise financeira internacional, os investidores saíram de mercados emergentes e houve uma forte restrição do crédito. Agora, os aplicadores estão voltando a buscar o mercado brasileiro - que ainda oferece taxas elevadas - e as empresas estão conseguindo captar recursos no exterior.

Balança comercial tem superávit de US$1,2 bi

Na avaliação de técnicos, retomar a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em renda fixa não teria efeito. Quando essa cobrança foi instituída em 2008, o dólar se manteve em queda, pois continuou recebendo moeda americana para a Bolsa.

O BC diz que baixar muito mais a Selic - hoje em 10,25% ao ano - não será a solução. Uma das razões é que as commodities são cotadas em dólar e seu preços subiram nas últimas semanas. Como o Brasil é exportador dessas mercadorias, mais dólares estão entrando no país.

Os técnicos da Fazenda defendem que os juros precisam cair mais para recuperar a atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, divulgado hoje pelo IBGE, deverá recuar de novo. O mercado aposta em corte de 0,75 ponto na Selic.

A balança comercial brasileira (diferença entre exportações e importações) teve superávit de US$1,208 bilhão na primeira semana de junho. Até o dia 7 do mês, o país embarcou US$3,534 bilhões para o exterior. Já as compras de produtos estrangeiros ficaram em US$2,326 bilhões.

COLABOROU Eduardo Rodrigues