Título: Fundo nega sofrer influência do ex-ministro
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 14/06/2009, O País, p. 5

Petros defende renegociação de dívida com Petrobras.

SÃO PAULO. A Petros, por meio de sua assessoria, negou sofrer influência política de Gushiken ou do PT. "Questões semelhantes às apresentadas agora foram fartamente respondidas no segundo semestre de 2005, durante a CPI da Compra de Votos e a CPMI dos Correios. O relatório final desta CPI reconhece que na Fundação (Petros) nada constava de irregularidades, tendo sido expresso que a entidade é exemplo de governança no setor de previdência fechada", diz o fundo. Segundo a Petros, 73% dos beneficiários aprovaram as mudanças no fundo.

A Petros refuta a ideia de que o resultado da eleição para os conselhos fiscal e deliberativo reflete insatisfação com a atual diretoria. "As pesquisas realizadas junto aos participantes da Petros dos últimos anos apontam que quase 80% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a Fundação", disse a assessoria.

A Petros afirma que a Petrobras desembolsou R$1,3 bilhão na assinatura da renegociação da dívida com o fundo. Na verdade, a estatal emitiu títulos com vencimento até 2033.

Gushiken ainda é consultado pela direção do PT

Desde que deixou o governo em 2006 (depois de perder o status de ministro), Gushiken vive discretamente em Indaiatuba (SP). Com problemas de saúde, ele não frequenta as reuniões do PT, mas é consultado pela direção. Gushiken continua sendo interlocutor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é amigo desde a década de 70.

Antes de entrar no governo, em 2003, Gushiken deixou a sociedade na Gushiken & Associados, atual Globalprev, especializada em consultoria para planos de pensão que teve um grande salto de lucratividade no governo Lula e tem entre seus clientes a Petros.

- Infelizmente, Gushiken ainda dá as cartas. Graças a Deus as leis são eficientes, e a maior parte dos investimentos depende de aprovação dos conselhos. Mesmo assim, as diretorias executivas podem manobrar 5% do total à vontade. Isso representa R$8 bilhões - disse o conselheiro da Petros Paulo Brandão.

Além da Petros, Gushiken sempre teve influência sobre a Previ, maior fundo de pensão do Brasil, pertencente aos funcionários do Banco do Brasil, e que tem aproximadamente R$116 bilhões. Presidente da Previ desde o governo Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Rosa é egresso do Sindicato dos Bancários.

Gushiken foi procurado por telefone. Na quarta-feira, sua mulher disse que repassaria a ele o pedido de entrevista ao GLOBO. Desde então, o jornal não conseguiu mais contato com o ex-ministro. A Globalprev também foi procurada na quarta-feira, mas nenhum responsável pela empresa respondeu às ligações.