Título: Ambientalistas se defendem
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 14/06/2009, Economia, p. 25

Para Greenpeace, órgãos ambientais não podem ter "a faca na garganta"

BRASÍLIA. Considerados os principais vilões dos projetos hidrelétricos do país, os ambientalistas rechaçam o rótulo e alertam para o risco de serem feitos licenciamentos sem critérios técnicos. O diretor de Campanhas do Greenpeace, Sérgio Leitão, diz que o discurso do empresariado e das autoridades transmite à sociedade a impressão de que a concessão das licenças é um rito burocrático e burro. Para ele, é um equívoco:

- A licença ambiental é uma garantia à sociedade e não deve atender nem aos interesses do presidente Lula nem aos do Greenpeace. Entre esses dois extremos, há um espaço grande. Os ambientalistas não estão empatando o jogo.

Segundo Leitão, um dos maiores entraves ao licenciamento ágil está nos próprios relatórios de impacto ambiental das empresas. Alguns são mal feitos e sem aprofundamento, disse.

O Greenpeace critica a pressão do governo sobre o Ibama para a aprovação dos licenciamentos de qualquer forma. De acordo com Leitão, quando o presidente Lula anuncia que fará uma obra, joga o peso político do governo sobre os órgãos ambientais.

- Esses órgãos têm de trabalhar com uma faca na garganta - reclama.

Nesse cenário, o setor elétrico recebeu bem a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que fixa regras para entrada de homens brancos em reservas indígenas com objetivo de facilitar novas pesquisas, disse o presidente da Empresa de Planejamento Estratégico, Maurício Tolmasquim. (Gustavo Paul)