Título: À espera de exames
Autor: Couto, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 02/04/2009, Brasil, p. 11

Pesquisa realizada pelo Datafolha revela que cerca de uma em cada três brasileiras jamais fez qualquer análise para detectar a doença. Ministério da Saúde quer ampliar cobertura de mamógrafos para 60%

Área do Hospital de Base para as pacientes com a doença: só 46% do país tem acesso a mamografias Trinta e um porcento das mulheres nunca fizeram exames para detectar o câncer de mama, especialmente as que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). É o que mostra uma pesquisa (leia quadro) realizada com 1,8 mil moradoras de 17 capitais do país, incluindo Brasília, na faixa etária de 35 a 65 anos. Encomendado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e realizado pelo Datafolha e pela consultoria Sustentabilidade, Estratégia e Inovação (SEI), o levantamento foi divulgado ontem, durante audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o Projeto de Lei nº 11.664, que determina a realização gratuita de exames mamográficos em todas as mulheres a partir dos 40 anos.

A pesquisa concluiu que as mulheres não estão se cuidando: apenas 17% das entrevistadas já procuraram algum especialista diante da suspeita de câncer de mama; 14% não souberam apontar qualquer forma de se detectar o problema; 62% são sedentárias e somente 38% dizem praticar alguma atividade física. ¿O maior problema não é a falta de acesso aos meios de prevenção (mamografias) da doença, é a desinformação e a ausência de uma cultura de diagnóstico¿, constatou Maira Caleffi, presidenta da Femama.

O desleixo da mulher com a própria saúde se reflete nas estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No ano passado, foram 48 mil casos, que resultaram em 12 mil mortes. Em 2006, morreram 10.950 mulheres. O número absoluto de óbitos vem crescendo desde 2001, quando houve 8.743 vítimas da doença. Em nota, o Inca observa que não é correto afirmar que a taxa de mortalidade vem aumentando, uma vez que o maior número de mortes deve ser atribuído aos aumentos da incidência e da população e à maior longevidade ¿ as mulheres morrem menos de outras doenças mais simples e morrem mais de câncer, por exemplo.

A cobertura da cadeia de mamógrafos deve atingir 60% da população em 2011, segundo o SUS ¿ hoje, essa cobertura é de 46%. De acordo com órgão, o número de mamografias vem aumentando em torno de 200 mil exames por ano. Para alcançar a meta, o número de procedimentos deve ser duplicado para 400 mil.

Centro-Oeste Os dados do Centro-Oeste revelam que 70% afirmam que o autoexame é a melhor forma de detectar a doença. Já 61% das entrevistadas não praticam atividade física, 19% fumam e 26% ingerem bebidas alcoólicas.