Título: Uma grande família
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 16/06/2009, O País, p. 3

Sarney garante emprego a parentes e amigos

BRASÍLIA. Desde que deixou a Presidência da República e assumiu o primeiro mandato como senador, em 1990, o poder de José Sarney (PMDB-AP) no Senado só cresceu.

Tamanha influência do senador, que preside a Casa pela terceira vez, abriu espaço para outros representantes da família Sarney na instituição ¿ um neto, duas sobrinhas e uma ex-nora. As contratações foram feitas com discrição, a maioria por meio de atos secretos, que começam a ser revelados.

Apesar da súmula antinepotismo adotada pelo Supremo Tribunal Federal, por enquanto, apenas João Fernando Michels Gonçalves Sarney, de 22 anos, neto do senador, foi demitido. Contratado como secretário parlamentar pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) em fevereiro de 2007, em retribuição a favores devidos ao seu pai, Fernando Sarney, o rapaz acabou perdendo o salário de R$ 7,6 mil em 3 de outubro de 2008, por um ato secreto. Dias depois, porém, sua mãe, Rosângela Michels Gonçalves, foi contratada no seu lugar.

Pelo menos duas parentes de Sarney ainda trabalham na Casa: Vera Portela Macieira Borges e Maria do Carmo de Castro Macieira, sobrinhas de dona Marly Sarney. A primeira, contratada em 15 de maio de 2003 com lotação no gabinete da presidência do Senado, a pedido de Sarney foi transferida para o gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), em Campo Grande. Seu salário, referente à função AP-2, é de R$ 4.661,70.

Já a segunda sobrinha foi contratada como assistente parlamentar para trabalhar no gabinete da prima, a ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Seu salário inicial (função AP-8) era de R$ 1.773,21 em junho de 2005, mas, em março deste ano, foi promovida à função AP-3, com salário de R$ 2.794,18.

Amigos dos Sarney sempre encontraram no Senado um porto seguro.

Entre os brindados com cargos comissionados na Casa está Lucas Barreto, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá, com salário de R$ 7 mil, entre 2007 e 2008. Outra agraciada foi Nathalie Rondeau, filha do ex-ministro Silas Rondeau, que chegou ao Ministério das Minas e Energia por indicação de Sarney. Com 22 anos e sem experiência na área editorial, Nathalie foi nomeada em 26 de agosto de 2005, por ato secreto, para integrar o Conselho Editorial do Senado, presidido por Sarney. Sua participação no conselho lhe rendia um salário mensal de R$ 2,5 mil. (A.V.)