Título: BB corta juro para microempresa
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 16/06/2009, Economia, p. 19

Banco vai oferecer mais R$ 11,6 bi em crédito com recebíveis

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. O Banco do Brasil (BB) anunciou ontem um aumento de recursos para linhas de crédito com recebíveis para micro e pequenas empresas e, em outra frente, uma redução nos juros de seis modalidades de financiamento para esses clientes. Entre as linhas de crédito que tiveram corte nos juros, houve uma redução no BB Giro RápidoCrédito Fixo FAT, cujo intervalo passou de 2,11% a 2,37% para 2,09% a 2,35% ao mês. O banco também vai remanejar seu orçamento para oferecer mais R$ 11,6 bilhões para as operações com recebíveis de 303 mil micro e pequenas empresas. Esse montante antes era destinado também para empresas de menor porte, mas em linhas de capital de giro .

Na semana passada, logo após o Banco Central (BC) ter reduzido para o patamar inédito de 9,25% a taxa básica Selic, o BB já havia anunciado um corte nos juros ao consumidor, movimento que foi acompanhado pelos principais bancos privados do país (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander Real e HSBC). Agora, o foco do BB foram as pequenas empresas.

No caso das operações com recebíveis, o movimento, segundo o vice-presidente de Crédito da instituição, Ricardo Flores, faz parte da estratégia de ampliar os recursos disponíveis no mercado, cobrança permanente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Analistas acreditam que estratégias mais agressivas como a do BB poderão fazer com que, daqui para frente, a queda da Selic chegue mais rápido ao consumidor. Estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac) indica que a redução da Selic para nível abaixo dos dois dígitos e a maior concorrência devem levar os bancos a acelerar a redução dos juros.

Analista prevê repasse maior do corte de juros para o consumidor

Sem considerar o corte anunciado na semana passada pelo BC, a Selic acumula até maio queda de 3,5 pontos percentuais no ano. No mesmo período, a taxa média cobrada ao consumidor por bancos, financeiras e varejo recuou 5,52 pontos percentuais, para 132,39% em maio.

¿ Antes, os bancos repassavam só parte do corte da Selic. Isso começou a mudar a partir de janeiro ¿ afirmou o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira.

Segundo ele, o aumento da concorrência virá da maior pressão do governo para que os bancos públicos ¿ Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ¿ reduzam seus spreads (diferença entre o custo de captação e o cobrado dos clientes).

Junto com a redução das alíquotas do IPI, a queda de juros ajudou a turbinar as vendas de veículos novos, segundo dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef). A taxa média de juros nessas operações, que era de 1,8% em dezembro, está hoje em 1,59% ao mês.

O total de financiamentos para compra de veículos chegou a R$ 145,3 bilhões em abril, alta de 18,4% frente ao mesmo mês de 2008.

Pesquisa da Fundação Procon de São Paulo também mostra queda dos juros bancários em junho, pelo sexto mês consecutivo. No empréstimo pessoal, a taxa média caiu de 5,57% ao mês para 5,52%, enquanto no cheque especial passou de 8,89% para 8,87%.

A pesquisa foi feita antes da última redução na taxa básica Selic.

Enquanto a queda nos juros trouxe alívio para o consumidor, a nova Selic preocupa quem completa o orçamento com o ganho de aplicações financeiras.

O empresário Bruno Chamma, sócio da agência de publicidade Kindle, possui 85% do seu capital em renda fixa e 15% em ações. O ganho com renda fixa equivale aos seus custos com condomínio, supermercado, empregada, luz, IPTU e TV a cabo.

¿ Com a queda da Selic, mudei a configuração da carteira, diminuindo o peso dos títulos pós-fixados ¿ contou Chamma.