Título: Aumenta pressão por reação mais dura de Sarney
Autor: Camarotti. Gerson
Fonte: O Globo, 22/06/2009, O País, p. 3

BRASÍLIA. Mesmo com a blindagem do Palácio do Planalto, a avaliação feita por integrantes do governo é que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), precisará ter uma postura mais ofensiva e anunciar medidas práticas esta semana. Caso contrário, ficará numa situação delicada, com o risco até mesmo do retorno do movimento para desestabilizar sua gestão. Interlocutores alertaram Sarney de que sua entrevista na última sexta-feira foi sofrível, e que suas reações tímidas não surtiram o efeito esperado.

No fim de semana, vários senadores demonstraram estar surpresos com a repercussão da crise em suas bases eleitorais e começaram a pressionar Sarney. Já há consenso de que não há mais como segurar o diretor-geral Alexandre Gazineo. Além disso, cresceu a pressão para o afastamento do ex-diretor Agaciel Maia. Sarney quer esperar o retorno do 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), esta semana, para discutir medidas.

- Todos os dias aparecem fatos novos. Isso cria uma situação de insustentabilidade. Sarney tem que ficar atento. Isso não vai parar. Esse pessoal não entende ou faz de conta que não entende. É preciso ter condições de resolver. É preciso uma reação ampla e com urgência - cobrou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), reforçou a tese de que a presidência de Sarney corre risco, caso ele não reverta o tom negativo do noticiário sobre o Senado. Casagrande disse esperar que sejam apresentadas esta semana medidas para moralizar a Casa, na esteira do relatório da comissão que investiga as irregularidades nos contratos firmados nos últimos anos.

- O Senado não tem como ficar sem respostas. Ou ele (Sarney) anuncia coisas concretas ou fica uma situação de insustentabilidade política. Ele não pode demorar a apresentar algo, pois a cada dia aumenta sua fragilidade - afirmou Casagrande, que cita a demissão do diretor-geral como exemplo de decisão esperada.

Para aliados de Sarney, a reação esta semana é considerada certa. Entre as possíveis medidas, está a sugerida pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), na semana passada. Ele propôs a fusão de três órgãos do Senado - o Interlegis (um órgão criado para integrar e modernizar os poderes legislativos), o Unilegis (Universidade do Legislativo) e o ILB (Instituto Legislativo Brasileiro) - e o consequente enxugamento de pessoal.