Título: Peritos identificam onze vítimas do acidente
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 22/06/2009, Rio, p. 11

Dez são brasileiros. Todos serão embalsamados em Pernambuco e enviados para locais indicados pelas famílias

RECIFE. Onze dos 49 corpos das vítimas do acidente com o voo 447 da Air France já foram identificados, segundo a Polícia Federal e a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. A força-tarefa montada pelos dois órgãos esclareceu que dez são brasileiros, sendo cinco homens e cinco mulheres. A pedido das famílias, os nomes não foram divulgados. O único estrangeiro identificado é do sexo masculino. Os onze corpos já estão liberados mas, até o final da tarde do domingo, só um tinha sido levado para o Cemitério Morada da Paz, onde serão embalsamentos e enviados para as cidades onde estão as famílias.

O Morada da Paz fica no município de Paulista, a 15 quilômetros de Recife. É o cemitério mais sofisticado da região metropolitana. Duas salas estão reservadas para as vítimas do acidente desde a última sexta-feira, quando o local foi visitado por representantes de uma empresa seguradora e da Air France.

Os corpos, no entanto, só podem ser transferidos do IML para lá com autorização das famílias. Elas foram avisadas, na sexta-feira e no sábado, pela Polícia Federal em seus estados. Quanto ao estrangeiro, a embaixada de seu país em Brasília foi avisada. Nem o IML nem a PF informaram a nacionalidade dele.

Falta de dados dificulta identificação de estrangeiros

Os corpos foram identificados após a análise de arcadas dentárias e impressões digitais. Segundo a força-tarefa, a maior dificuldade é a identificação dos estrangeiros, já que os parentes não enviaram as informações necessárias, como as fornecidas pelos institutos de identificação. Criticada por autoridades francesas pela morosidade dos trabalhos, a força-tarefa informou que o levantamento é meticuloso e consiste no cruzamento das informações repassadas por órgãos oficiais e famílias com os dados pós-morte coletados nas vítimas. Além das arcadas dentárias, impressões digitais e exames de DNA, o processo exige a comparação de características físicas, tatuagens, roupas, cicatrizes e dados sobre cirurgias.

Uma comissão analisa todos os dados encontrados. Entre os membros estão Linn Aspinall, representante do Comitê Permanente da Interpol na área de desastres coletivos; e Alain Sanvoisin, médico-legista indicado pelo governo francês. A força-tarefa conta com 41 especialistas, alguns de outros estados, que vêm trabalhando desde o dia 11 de junho, quando os corpos das vítimas começaram a chegar ao Recife, depois de passarem por um trabalho preliminar de identificação no arquipélago de Fernando de Noronha, a 545 quilômetros da capital e a cerca de 800 quilômetros de onde o avião teria caído.