Título: Países latinos de portas fechadas
Autor: Nogueira, Danielle; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 22/06/2009, Economia, p. 15

Prejuízo no setor de calçados

BRASÍLIA e RIO. A indústria calçadista brasileira é uma das mais afetadas por medidas protecionistas adotadas por países latino-americanos, como Argentina, Equador e Venezuela. A Abicalçados, associação que representa o setor no Brasil, estima prejuízo de US$150 milhões este ano devido às barreiras.

- Na Argentina, além das licenças de importação não-automáticas, as autoridades impuseram limite de 15 milhões de pares por ano, reduzindo em cerca de 20% os embarques - diz o presidente da Abicalçados, Heitor Klein.

O Equador instituiu piso de US$10 para importação de pares de calçados, dificultando a compra de fornecedores estrangeiros. Desde 2008, as importações oriundas do Brasil estão bloqueadas, segundo Klein. Nos primeiros cinco meses deste ano, as vendas externas totais de calçados alcançaram 57,1 milhões de pares, queda de 27,3% em relação a igual período de 2008. Em valores, o declínio foi de 28,6%, para US$560,1 milhões.

A indústria têxtil é outra vítima do protecionismo regional. Na Venezuela, os itens desse setor, assim como os calçados, deixaram de integrar a lista de prioridade de importações e, por isso, passaram a ser cotados no câmbio paralelo, quatro vezes mais alto que o oficial. Na área de calçados, as vendas foram reduzidas à metade este ano.

E, na Argentina, as licenças não-automáticas vêm dificultando as exportações, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Há atraso na liberação de importações de 37 setores, entre os quais móveis, têxteis e brinquedos. (Eliane Oliveira e Danielle Nogueira)