Título: Os principais debates da cúpula de Londres
Autor: Allan, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 02/04/2009, Economia, p. 14

Governantes discutirão formas de estimular a economia mundial e a necessidade de regulamentação do sistema financeiro, pivô da crise internacional.

A reunião de cúpula do G-20 vai durar só um dia, mas sua pauta será extensa. Os principais assuntos serão os estímulos à economia e a regulamentação do sistema financeiro. Outros temas serão a situação dos bancos e a remuneração de seus executivos, o combate aos paraísos fiscais, o reforço no caixa do FMI e as medidas protecionistas adotadas por alguns governos.

Estímulos à economia Os países não se entendem sobre as medidas para combater a recessão mundial. Os Estados Unidos querem que os governos se comprometam a conceder mais estímulos à retomada do crescimento, como benefícios fiscais e aumento dos gastos com obras públicas. França e Alemanha consideram que já fizeram o bastante e não querem piorar o déficit fiscal. A cúpula pode eliminar as divisões optando por um vago compromisso para que cada governo prometa fazer ¿tudo o que for necessário¿ para debelar a crise.

Regulamentação De novo, França e Alemanha defendem a adoção de medidas concretas para aumentar a supervisão dos mercados, em especial dos segmentos futuros, limitar o poder dos bancos de emprestar muito acima do capital e aperfeiçoar a análise de risco. Os Estados Unidos são favoráveis a maior controle, mas, na visão dos europeus, sem ênfase adequada.

Situação dos bancos Os membros devem discutir uma maneira coordenada de ajudar os principais bancos do mundo.

Paraísos fiscais A França acusou Washington de ter uma ¿tolerância tradicional¿ com os ¿buracos negros¿ no controle dos fluxos financeiros. Como não cobram impostos, os paraísos fiscais são o destino de bilhões de dólares em dinheiro obtido de forma criminosa. A União Europeia defende o combate aos paraísos fiscais, discutindo inclusive a situação da Suíça. A China não aceita pôr em risco Hong Kong e Macau.

Remuneração dos banqueiros A cúpula deve lançar as bases para a adoção de regras comuns para o pagamento dos bônus aos executivos de instituições financeiras. É uma medida para agradar ao público.

Mais dinheiro para o FMI Esse é um dos raros temas em que parece haver consenso. O FMI terá mais recursos para ajudar os países com problemas momentâneos (leia na página 16).

Comércio exterior A Inglaterra propõe a criação de um fundo global de US$ 100 bilhões para financiar o comércio internacional. Os países emergentes vão tentar incluir na pauta a retomada da Rodada Doha de liberalização comercial, além da rejeição a medidas protecionistas para a proteção das economias nacionais.

Moeda de referência Apesar de não estar formalmente incluída na agenda de discussões, a prevalência do dólar como moeda de referência mundial é contestada por países como China, Brasil e Rússia, que querem propor alternativas.