Título: Pressão pela saída de diretor
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 18/06/2009, O País, p. 3

Oito senadores cobram de Sarney a substituição de Gazineo.

BRASÍLIA. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recebeu ultimato para que demita em uma semana o diretor-geral da instituição, Alexandre Gazineo, e submeta ao plenário o nome de seu substituto, que passaria a ter mandato de no máximo dois anos. A reivindicação foi apresentada ontem em plenário pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em nome de outros sete colegas: Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tião Viana (PT-AC), Renato Casagrande (PSB-ES) e Cristovam Buarque (PDT-DF).

A reunião estava planejada desde a semana passada, mas foi esvaziada pelo pronunciamento de Sarney na véspera. Os oito senadores que se reuniram no gabinete de Jarbas pretendiam colher a assinatura de colegas para formalizar propostas de mudança no Senado. Entre as propostas estão: reforma administrativa com redução de pessoal e suspensão de novas contratações; eliminação de vantagens inerentes ao mandato; auditoria externa nos contratos firmados pelo Senado, além da reuniões ordinárias mensais do plenário para estabelecer a pauta de votações do período seguinte e das medidas administrativas propostas pela Mesa Diretora.

O grupo propôs que o Senado repasse para Polícia Federal, Ministério Público ou Tribunal de Contas da União a investigação sobre atos secretos da instituição que serviram para acobertar contratações, exonerações e criação de cargos. Sarney ouviu as reivindicações apresentadas por Tasso, mas não se comprometeu com nenhuma. Disse que apresentará o assunto à Mesa, em reunião terça-feira.

Para Cristovam, melhor caminho não é o "Fora Sarney"

A expectativa do grupo é que já na próxima semana o presidente do Senado possa anunciar medidas para o enfrentamento da crise. Os senadores evitaram se apresentar como grupo ético da Casa ou discutir a cobrança da renúncia de Sarney, caso as reivindicações não sejam acatadas.

- O melhor caminho não é começar com o "Fora Sarney" - disse Cristovam Buarque.

- Sarney ficar ou não na presidência é irrelevante. Ele foi candidato, votei contra e votaria de novo. O importante é dar novo rumo à Casa - emendou Jarbas.

Os senadores admitem que Sarney terá de tomar providências:

- O discurso de Sarney transformou um ultimato num enunciado de boas intenções - afirmou o líder do DEM, José Agripino (RN), que discordou da imposição da demissão de Gazineo, argumentando que isso poderia atrapalhar o diálogo.

O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reiterou o apoio da bancada a qualquer mudança que venha a ser adotada por Sarney.

- O processo de mudanças na Casa é irreversível - admitiu.

Um dos poucos contrários às reivindicações do grupo foi Wellington Salgado (PMDB-MG):

- Quem perdeu a disputa pelo Senado continua vivendo a derrota.

- Quem nunca disputou eleição pode ser que não sinta o desconforto que estamos enfrentando - rebateu Tasso, referindo-se ao fato de Salgado ser suplente.