Título: Relator pede cassação do deputado do castelo
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 18/06/2009, O País, p. 5

Votação do parecer no Conselho de Ética, no entanto, é interrompida e deve ser retomada somente no dia 30

BRASÍLIA. O deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) apresentou ontem seu parecer pela cassação do mandato do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) por quebra de decoro parlamentar. Edmar Moreira, que se tornou conhecido em todo o país como o deputado do castelo, permaneceu impassível durante a maior parte da sessão do Conselho de Ética, mas seu filho, o deputado estadual Leonardo Moreira (sem partido-MG), não gostou e agrediu verbalmente o relator. Segundo Fonteles, ele o xingou no fim da sessão.

A votação do parecer, no entanto, foi interrompida por pedido de vista e só deve ser retomada dia 30. O resultado no Conselho é uma incógnita - mesmo diante do fato de o voto ser aberto -, mas a tendência é absolver Edmar Moreira.

- Espero não ser decepcionado pelo Conselho, e se o Conselho aprovar meu parecer, pelo plenário da Casa. É necessário rigor no nosso procedimento, com leis criadas por nós mesmos. Mostrei as provas. Para melhorar a imagem da Câmara é necessário corrigir números - disse o relator.

Aliados de Edmar calculam que pelo menos seis dos 15 conselheiros são contra a cassação. E apostam que, entre os demais, muitos serão simpáticos a uma pena alternativa, como a suspensão temporária no exercício do mandato. Ontem, Moreira Mendes (PPS-RO), por exemplo, já manifestou posição nesse sentido, desfalcando o placar dos apoiadores da cassação.

Outros conselheiros trabalham com a hipótese de empate. Nesse caso, a decisão ficaria nas mãos do presidente, José Carlos Araújo (PR-BA), que apoiaria a cassação. No plenário da Câmara, admitem vários deputados, Edmar escaparia da cassação.

Durante a leitura do parecer e do voto - mais de duas horas -, Edmar, com dois filhos e dois advogados, não fez intervenções. Olhou para o alto a maior parte do tempo. Mas demonstrou constrangimento quando Nazareno leu trechos do "desastroso" depoimento que ele deu à comissão de sindicância, quando Edmar admitiu ter usado a verba indenizatória para socorrer financeiramente sua empresa de segurança Ronda.

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