Título: Sexo com riscos, agora na rede
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 19/06/2009, O País, p. 3

PESQUISA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

7,3% dos brasileiros tiveram relação com parceiros da internet

21% dos homens e 11% das mulheres admitem ter traído

11% dos casados passaram um ano sem relações sexuais

Brasileiros da Região Sul são os mais sexualmente ativos

Bernardo Mello Franco

Pesquisa sobre comportamento sexual divulgada ontem pelo Ministério da Saúde revela que os brasileiros estão fazendo mais sexo fora do casamento e com parceiros que conheceram pela internet. E o cuidado com a prevenção da Aids e outras doenças diminuiu. De acordo com o estudo, 7,3% das pessoas tiveram relações, no último ano, com alguém que encontraram na rede mundial de computadores. Entre os homens, o percentual chega a 10,3%, contra 4,1% entre as mulheres. A pesquisa também mediu, pela primeira vez, o índice de traição nos relacionamentos. Dos entrevistados que vivem com um companheiro, 16% admitiram ter mantido ao menos uma relação extraconjugal. A infidelidade foi confessada por 21% dos homens e 11% das mulheres.

Preocupado com o aumento do sexo casual, agora associado à internet, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que lançará até o fim do ano campanha virtual de defesa do sexo seguro, voltada para as redes de relacionamento, como o Orkut. Ele afirmou que as mudanças de hábito entre quatro paredes criam novas dificuldades na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids:

- As pessoas estão tendo mais relações com parceiros casuais, e o Ministério da Saúde não pode fechar os olhos para essa realidade. Historicamente, as redes de relacionamento eram na escola, no trabalho, no bairro, no barzinho. Agora temos uma coisa nova, a internet. O Ministério da Saúde está preocupado com isso.

Homens fazem mais sexo que mulheres

A pesquisa também mostra que os homens fazem mais sexo do que as mulheres. Nos 12 meses que antecederam a pesquisa, 81% dos brasileiros entre 15 e 64 anos disseram ter mantido ao menos uma relação. Entre as mulheres, o percentual foi de 73,2%. Os homens também continuam a iniciar a vida sexual mais cedo: 36,9% tiveram a primeira relação antes de completar 15 anos, contra apenas 17% das mulheres.

A diferença de comportamento entre os gêneros se repete na quantidade de parceiros de cada um: 40,1% dos homens disseram ter feito sexo com mais de dez pessoas diferentes ao longo da vida. Entre as mulheres, só 10,9% contaram ter atingido a mesma marca. Já o número de homens que disseram ter tido alguma relação homossexual foi quase o dobro do registrado no sexo feminino (10% a 5,2%). No total, 7,6% dos brasileiros tiveram pelo menos uma experiência com parceiro ou parceira do mesmo sexo.

Outro dado que chamou a atenção foi a abstinência sexual, nos últimos 12 meses, de 11% das pessoas que vivem sob o mesmo teto com um companheiro. Quando o cálculo inclui os solteiros, a soma dos brasileiros entre 15 e 64 anos que não tiveram qualquer relação sexual no período chega a 23%. Foram detectadas diferenças de comportamento pelo país: os brasileiros das regiões Sul (82,8%) e Centro-Oeste (81,1%) são sexualmente mais ativos do que os de Norte (79%), Sudeste (76,5%) e Nordeste (74%).

Temporão admitiu que é muito difícil para o ministério evitar que transformações no comportamento sexual aumentem o risco de transmissão de doenças como a Aids:

- Com o cigarro e a bebida, podemos estabelecer regras, como aumentar impostos e banir o fumo em ambientes fechados. Com o sexo, o que temos de fazer é alertar.