Título: Decisão divide diretores e alunos de cursos de comunicação
Autor: Alencastro, Catarina; Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 19/06/2009, O País, p. 8

Mas UFRJ e PUC concordam que formação na área continuará sendo valorizada.

A decisão do STF de acabar com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão provocou polêmica nas escolas de comunicação. Entre opiniões contrárias e favoráveis à medida, diretores da UFRJ e da PUC disseram acreditar que as escolas de comunicação vão se manter valorizadas no mercado de trabalho e procuradas por muitos estudantes.

A diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes, é favorável ao fim da obrigatoriedade do diploma. Para ela, os cursos continuarão sendo valorizados pelas empresas de comunicação.

- Centenas de jovens com outras formações, inclusive em comunicação, mas com outras habilitações, eram proibidos de exercer o jornalismo. A formação de comunicação e jornalismo vai ser mais valorizada. O campo está aberto. Jornalistas e não jornalistas vão ter que batalhar por uma nova forma de organização - disse Ivana.

Coordenador do curso de jornalismo da PUC-Rio, o professor Leonel Aguiar criticou a decisão dos ministros do Supremo e disse que a sociedade será a maior prejudicada. Na opinião dele, o STF cometeu um erro de avaliação.

- O Supremo entendeu que o jornalista é um opinador, cometendo um erro básico, ou seja, confundindo a produção da informação jornalística com a emissão de opiniões. O papel do jornalista na sociedade é ser, antes de tudo, um mediador de opiniões. O diploma não funciona como censura à pluralidade de opiniões. Ao contrário, permite que seja um campo de mediação social - disse Aguiar.

No entanto, ele concorda com a colega da UFRJ a respeito do impacto da decisão nos cursos de comunicação:

- Não acredito que, num primeiro momento, os cursos venham a perder importância. Um exemplo é que os cursos de publicidade e cinema só cresceram. Na PUC, o curso de cinema é recente. Temos uma enorme demanda, e o diploma nunca foi obrigatório. (O fim do diploma) não tem reflexo para as universidades que têm renome, como é o caso da PUC.

Muitos alunos foram pegos de surpresa com a decisão. O assunto foi amplamente debatido ontem nas salas de aula. Para Matheus Abreu, aluno de comunicação na PUC, o diploma não é necessário para um jornalista; no entanto, acha que a formação que uma universidade proporciona é fundamental para uma boa colocação no mercado:

- Cabe ao jornal decidir quem é bom ou ruim.

A aluna Luísa Sandes, do terceiro período, disse se sentir injustiçada:

- Não sei se é certo ou não, mas estou estudando, estagiando, e uma pessoa que não fez isso pode entrar no mercado - reclamou.

Para Luna Costa, também do terceiro período da PUC, o fim da obrigatoriedade do diploma vai causar desemprego. Já sua colega Isadora Martinelli ponderou que especialistas de outras áreas podem passar informações com mais precisão do que jornalistas.

- Vou procurar me especializar no fim da faculdade para fazer frente à nova realidade do mercado de trabalho - planeja Isadora.