Título: Zoghbi responsabiliza Agaciel por atos secretos
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 20/06/2009, O País, p. 8

O CONGRESSO MOSTRA SUAS ENTRANHAS: Ex-diretor-geral diz que quadro de pessoal da Casa é publicado no Diário Oficial

Servidor do Senado afirma que recebia ordens diretas de ambos para manter decisões administrativas em segredo

BRASÍLIA. O escândalo dos atos secretos do Senado faz aumentar a cada dia não só a lista de parentes e apadrinhados contratados secretamente, mas também o jogo de empurra entre funcionários da Casa. O ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi apontou o ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia como o único responsável por manter atos administrativos secretos. Por meio de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ele negou participação no engavetamento dos atos secretos, como acusou o chefe do serviço de publicação do boletim de pessoal do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim.

Segundo Zoghbi, Agaciel determinava por escrito o que deveria ser publicado. O advogado ressalta que não há assinatura do cliente nessas publicações:

- O Agaciel é que determinava ao diretor de Recursos Humanos o que deveria ser publicado. A responsabilidade é 100% de Agaciel Maia. Zoghbi não tinha o arbítrio.

Agaciel diz duvidar da existência de atos secretos

Zoghbi rebateu versão anterior de Agaciel, de que, se houve mesmo ato secreto, foi apenas um erro técnico. Já Agaciel, que contestou a acusação de Paes Landim, de que teria recebido dele parte das ordens para que atos administrativos não fossem publicados, disse ser inocente e que não teme a investigação:

- Nunca telefonei para ele (Franklin). Nem sei o ramal. A princípio, só posso achar que esteja sendo manipulado politicamente. Aliás, nem sei se ele falou mesmo isso.

Agaciel disse que aguarda o relatório elaborado por uma comissão técnica para saber do que tratam os "ditos atos secretos". E reproduziu o entendimento do senador José Sarney, que o nomeou em 1995:

- Como existe um ato secreto se ele produziu efeitos, deu posse a servidores? Primeiro temos de ver esses atos. Por enquanto só vimos versões disso.

Agaciel disse que nenhuma nomeação poderia ficar secreta porque todo ano é publicado no Diário Oficial da União o quadro de servidores da Casa:

- Que interesse eu teria em esconder esses atos? Com que objetivo? O que eu, um funcionários de carreira do Senado, ganharia com isso?

Enquanto Zoghbi e Agaciel não se entendem, Landim evitou aparecer em público ontem. Ele não retornou aos recados deixados pelo GLOBO com colegas de trabalho e familiares. Segundo assessores da Secretaria de Recursos Humanos, onde é lotado, ele esteve lá ontem de manhã, apresentou-se ao diretor, Ralph Campos Siqueira, e avisou que tinha uma consulta médica e não voltaria.

Primo legítimo do deputado Paes Landim (PTB-PI), Franklin trabalha no Senado desde os anos 1980. O deputado não quis entrar na polêmica.