Título: Sindicalistas montam rede de comunicação em SP
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 21/06/2009, O País, p. 8

ESTRATÉGIA: Fundação apresentou pedidos para comandar retransmissoras em 23 cidades do interior paulista

Ponto de partida é concessão de canais de rádio e TV para Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político de Lula

SÃO PAULO. Nem bem o governo federal concedeu canais geradores de TV e rádio para uma fundação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, líderes sindicais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se mobilizam pela criação de uma rede de comunicação em quase todo o Estado de São Paulo.

A Fundação Sociedade Comunicação Cultura e Trabalho deu entrada no Ministério das Comunicações a pedidos para canais retransmissores em pelo menos 23 cidades do interior paulista, numa estratégia que deve fortalecer não só o movimento sindical, mas o próprio PT, já que no comando da entidade figuram nomes de relação estreita do presidente no ABC, seu berço político.

Com a rede, o sindicalismo do ABC paulista pretende se transformar num dos principais pólos geradores de conteúdo em canais UHF. Estima-se que, juntos, esses canais alcancem cerca de dois milhões de domicílios.

Sindicalista admite dar voz ao MST, por exemplo

O presidente do sindicato, dirigente da CUT e conselheiro da fundação, Sérgio Nobre, afirma que as retransmissoras terão programação educativa, como determina a lei, embora não descarte a necessidade de dar voz aos movimentos sociais, como o MST.

- Queremos discutir a visão do movimento sindical, mas também dar espaço para os movimentos que são discriminados neste país. Todos os atores (sociais) têm que ter voz. O MST, por exemplo, está aí e tem que ter o direito de falar. Ninguém vai ouvir o MST para saber sobre o (Barack) Obama. A CUT também está aí, porque só a Fiesp tem voz? - indaga Nobre, assumindo que as concessões só foram possíveis graças ao presidente Lula e que o objetivo, de agora em diante, é "falar para o Brasil" a partir do ABC.

Entre os conselheiros da fundação, além de Nobre, estão o dirigente da CUT e ex-presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Carlos Alberto Grana; o diretor do sindicato, Tsukassa Isawa, e o ex-coordenador geral da campanha de Luiz Marinho (PT) à prefeitura de São Bernardo do Campo, Tarcísio Secol, todos amigos de Lula.

Os primeiros pedidos para concessão de TV para o movimento sindical foram feitos por Lula à época em que ainda era deputado constituinte.

Segundo o sindicalista, não há, por enquanto, novos pedidos para concessão de TV em outros estados, mas, de acordo com ele, basta o processo ser definido em São Paulo para o movimento sindical tentar novos espaços na mídia.