Título: PT e DEM fora de CPI do setor elétrico
Autor: Casado, José
Fonte: O Globo, 21/06/2009, O País, p. 10

À medida que se aproxima o fim do governo Lula, crescem os conflitos no consórcio de interesses legislativos montado pelo PMDB com o PT a partir do segundo semestre do ano passado.

Na última quinta-feira, por exemplo, o deputado Eduardo Cunha e deputados do PP ligados ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti deixaram os petistas fora do comando da mais nova CPI criada no Congresso para "investigar" empresas do setor elétrico.

Essa CPI se tornou um caso insólito: um partido de oposição - o DEM, cuja cartilha prima pela defesa do capitalismo - simplesmente se retirou da comissão. O deputado José Carlos Aleluia (BA) foi à reunião de escolha do presidente e do relator da CPI, saiu e renunciou:

- Não podemos compactuar com isso - justificou ao seu partido.

No Senado, os conflitos de interesses visíveis em episódios como o da instalação da CPI da Petrobras levaram o líder pemedebista Renan Calheiros a decretar: "Nosso único interlocutor aqui é o presidente Lula".

A melhor tradução desses embates nas últimas semanas foi feita por um dos fundadores do PMDB, o senador Pedro Simon (RS) :

- O PT tem medo do que os pemedebistas possam fazer envolvendo nomes do PT na atual administração. E o PMDB tem medo do que os petistas possam fazer envolvendo nomes do PMDB na atual administração. Isso é uma vergonha!

E acrescentou:

- O que essa gente quer? Eu não sei. Eu sinto uma vontade imensa de ir para casa, sinceramente. Eu me sinto impotente!

COLABORARAM Cristiane Jungblut, Flávio Tabak e Maiá Menezes