Título: Lula e Dilma visitam sem-terra e fazem série de promessas para 2010
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 23/06/2009, O País, p. 4

Ao lado de sua candidata, presidente anuncia luz para mais 1 milhão de casas

CONGONHINHAS E LONDRINA (PR). Num discurso para 2 mil sem-terra no Norte do Paraná, o presidente Lula prometeu ontem ampliar em mais de um milhão o número de residências atendidas com energia elétrica, até o fim de 2010, ano eleitoral, assim como aumentar o valor destinado a famílias carentes para a construção de moradia.

Logo depois, ainda no discurso, acompanhado de sua précandidata, a ministra Dilma Rousseff, o presidente deu o seguinte conselho: ¿ A gente precisa acertar nos políticos em que a gente vai votar, porque a gente tem chance de melhorar as coisas ainda mais.

No assentamento Robson de Souza, em Congonhinhas, Lula participou da cerimônia em comemoração a 2 milhões de ligações do programa Luz Para Todos. Lá, trocou o boné com o logotipo do programa pelo do MST. O presidente criticou governantes que não pensam nos pobres.

¿ O pobre custa muito pouco porque não quer nada mais do que o convencional. O outro (rico) é que quer lucrar antes mesmo de investir. Ainda assim, tem muita gente que pensa que fazer pelo pobre é gasto, enquanto para os riscos é investimento.

Presidente volta a defender o desmatamento Mais cedo, em entrevista à Rádio Paiquerê, de Londrina, Lula defendeu a alternância no poder. Disse esperar que o povo eleja alguém melhor que ele: ¿ Não quero o terceiro mandato por uma coisa muito simples.

Tenho dito que a gente não pode brincar com a democracia.

Acho que a alternância de poder é importante porque vai permitir ao povo escolher alguém, e sempre vou torcer para que as pessoas escolham alguém melhor do que eu.

O anúncio de que o governo pretende sanar o déficit de energia elétrica foi feito por Dilma.

¿ Descobrimos que mais um milhão de casas não têm ainda energia, mas vai ter até o fim do ano que vem ¿ disse ela.

Mais tarde, em Londrina ¿ onde falou para fazendeiros, no lançamento do Plano de Agricultura e Pecuária ¿, Lula disse que é correto ¿desmatar o que for necessário¿: ¿ Quando a gente reforça a carga ideológica do debate, fica debatendo se é preciso desmatar ou não desmatar. É correto que a gente desmate o que for necessário e que a gente cumpra determinadas regras. Porque, também vamos ser francos, a gente aqui não sente muito.

O plano prevê, para a safra de 2009/2010, investimentos de R$ 107,5 bilhões: R$ 92,5 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 15 bilhões para pequenos produtores.

Semana passada, Lula dissera que quem desmatou a Amazônia não pode ser chamado de bandido. E citou o que, segundo ele, ocorreu no regime militar.

¿ Não era possível chamar de bandido aquele que na década de 70 desmatava, porque a palavra de ordem e os financiamentos eram para desmatar.

Quem não lembra que o (ex-presidente Ernesto) Geisel levou (para a Amazônia) um monte de gaúchos, e talvez paranaenses, para desmatar? Lula criticou os países que condenam o etanol brasileiro: ¿ Não metam o dedo sujo de combustível fóssil no nosso combustível limpo ¿ disse ele, que ainda reclamou das observações feitas pela primeiraministra alemã, Ângela Merkel, em relação à proteção da Floresta Amazônica.

¿ Quando vem uma primeiraministra alemã aqui, a primeira coisa que ela quer saber é se a Amazônia está bem, se estão acabando com a Amazônia. Ora, minha vontade é perguntar se ela está tão preocupada porque deixou depenar o país dela. Daqui a pouco vão dizer que a Amazônia é internacional.