Título: Vereadores teriam recebido propina para apoiar Richa
Autor:
Fonte: O Globo, 23/06/2009, O País, p. 5

Vídeo mostra ação, que será investigada por MP do Paraná

O Ministério Público Federal no Paraná investiga um suposto esquema de fraude para favorecer a candidatura à reeleição do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), nas eleições de 2008. A investigação se baseia em vídeo obtido pelo ¿Fantástico¿, da Rede Globo, que mostra Alexandre Gardolinski, então coordenador de um comitê de apoio a Richa que reunia ex-integrantes do PRTB, em atividades suspeitas.

O PRTB era um partido de oposição na cidade, mas, durante a campanha, um grupo aderiu à candidatura de Richa. O PRTB havia lançado 55 candidatos para a Câmara Municipal, mas 28 desistiram e passaram a apoiar a reeleição do prefeito.

As imagens obtidas pelo ¿Fantástico¿ mostram pagamentos em dinheiro feitos por Gardolinski a candidatos que, depois, desistiram de concorrer. As imagens foram gravadas na sala do comitê do PRTB pelo próprio Gardolinski. Numa delas, o secretário municipal Manassés Oliveira recebe dinheiro de Gardolinski e assina recibos em nome de várias pessoas.

Em outra cena, o então secretário do Trabalho da prefeitura de Curitiba, Raul D¿Araújo Santos, recolhe um maço de dinheiro após assinar recibos. Ele é orientado a colocar qualquer número de identidade num deles.

O vídeo mostra ainda uma reunião com um funcionário comissionado da prefeitura, Luiz Carlos Pinto, para organizar pichações contra adversários.

O funcionário também recebeu dinheiro de Gardolinski.

O então vereador Mestre Déa também é filmado recebendo dinheiro para, segundo ele, fazer boca de urna, o que é proibido pela legislação.

Depois da eleição, Gardolinski, Manassés Oliveira, Raul D¿Araújo Santos, Luiz Carlos Pinto e Mestre Déa foram nomeados para cargos na Prefeitura de Curitiba.

Prefeito demitiu três funcionários após denúncia O prefeito Beto Richa determinou a demissão de três funcionários depois da denúncia: Gardolinski, que trabalhava na Secretaria de Emprego; Manassés, que era secretário municipal de Assuntos Metropolitanos; e Raul, que era superintendente na pasta de Manassés.

Richa negou que soubesse do esquema.

¿ As imagens são chocantes.

Isso não tem nada a ver com o jeito de a gente fazer política ¿ afirmou.

O ¿Fantástico¿ procurou todos os citados por envolvimento no esquema. Manassés alegou que o dinheiro que Gardolinski distribuiu era para pagar despesas da campanha. Mas admitiu ter assinado recibos em nome de outras pessoas. Mestre Déa negou que tenha usado dinheiro para fazer boca de urna.

Gardolinski, Luiz Carlos Pinto e Raul D¿araújo Santos não quiseram comentar as acusações.