Título: Demissões contra crise no Senado
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 29/06/2009, O País, p. 3

Mesa anuncia exoneração de quatro nomes da cúpula ligados ao ex-diretor Agaciel Maia

Isabel Braga

Na tentativa de aplacar a crise política que ameaça até o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a direção da Casa iniciou uma limpeza em cargos administrativos estratégicos. Serão exonerados três diretores e um chefe de gabinete carimbados como funcionários da era Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado e pivô dos escândalos recentes envolvendo atos secretos e suspeita de irregularidades na gestão de contratos. Novas mudanças de comando devem ser anunciadas nos próximos dias, principalmente em áreas onde a influência de Agaciel é considerada ainda muito forte, entre elas a gráfica do Senado.

Depois da saída de Alexandre Gazineo da Diretoria Geral e de Ralph Siqueira da de Recursos Humanos, saem Aloysio Novais Teixeira, diretor da Secretaria de Patrimônio; Sebastião Fernandes Neto, diretor da Secretaria de Coordenação e Execução; e Shalon Granato, diretor da Secretaria de Controle Interno. Também será exonerado Dimitrius Hadjinicolau, chefe de gabinete da Secretaria de Estágios. Segundo assessores do Senado, Granato alegou estar esgotado e pediu para deixar a diretoria. Em seu lugar assume Eduardo Torres, um técnico da área.

- Vamos afastar diretores. Temos que fazer a reforma administrativa do Senado. Temos que rever tudo, foram 14 anos de uma gestão frouxa - afirmou o 1º secretário, senador Heráclito Fortes (DEM-PI).

Aliados de Tajra no lugar dos "Agaciboys"

No lugar de Aloysio Novais, Luciano Freitas assumirá a Secretaria de Patrimônio. Novais geria contratos com empresas terceirizadas como a Ipanema - que teve o contrato revogado - e a Plansul, que a substituiu. Uma das reclamações é a demora no envio de dados, que forçavam a renovação de contratos.

A justificativa oficial para exonerar Novais é a necessidade de ter, em cargos estratégicos como o dele, servidores mais próximos ao novo diretor-geral, Haroldo Tajra. Sebastião Fernandes Neto cai porque era, de fato, assessor técnico dos ex-diretores-gerais Agaciel Maia e Gazineo. Era o responsável pela preparação da maior parte dos processos da Diretoria Geral, alguém carimbado como "Agaciboy" e com domínio grande da máquina do Senado. Também sai para dar lugar a um servidor de maior confiança de Tajra. O nome ainda não está definido.

Outra substituição importante é a de Dimitrius, que deixa a chefia de gabinete da Diretoria de Estágios, que era comandada pela mulher de Agaciel, Sânzia Maia. Ela deixou o cargo ano passado, em meio à polêmica sobre nepotismo. Semana passada, assumiu Petrus Elisbão. Dimitrius é suspeito de fraudar licitações e acusado pelo Ministério Público de improbidade administrativa na Operação Mão de Obra. Ele fora nomeado em 2008, por ato secreto.

O 1º secretário, Heráclito Fortes, diz que todos os contratos da Casa serão revistos e que eventuais irregularidades serão apuradas. E que a revisão implicará enxugamento de funcionários terceirizados.

- Claro que há vícios contratuais, gastos desnecessários. A sindicância não é para apurar apenas os atos secretos, mas também atos administrativos. Estamos vendo um por um.

Hoje, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, deve enviar ao Conselho de Ética representação contra Sarney. Outra será movida pelo PSOL.