Título: Prorrogação de IPI menor para carros sai hoje
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 29/06/2009, Economia, p. 15

Geralda Doca e Ronaldo D"Ercole

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. O governo confirma hoje, para uma plateia de empresários e sindicalistas, a prorrogação da redução do IPI para três setores (automotivo, material de construção e linha branca) e anuncia um pacote de medidas para estimular investimentos e a compra de bens de capital (máquinas e equipamentos). Pessoas físicas terão acesso a empréstimos mais baratos para trocar de caminhão. Os incentivos a bens de capital contemplam operações de compra e de leasing de equipamentos industriais, como máquinas agrícolas, caminhões e ônibus.

Na cerimônia, Jackson Schneider, presidente da Anfavea, entidade das montadoras, informará ao governo que as vendas de carros novos no país, em junho, serão um novo recorde para o mês. Além da China, o mercado brasileiro será o único a crescer no semestre, diz. Até quinta-feira, 241 mil carros foram licenciados. Em junho de 2008, foram vendidos 256 mil, melhor marca do mês até então.

Segundo Schneider, por causa da antecipação de compras este mês, diante da incerteza de renovação do IPI, muito provavelmente haverá uma queda em julho, mas a perspectiva da indústria para o resto do ano é positiva.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, espera que os juros dos empréstimos para compra de bens de capital, via BNDES, caiam para 6% a 7% ao ano. A carência deve ser ampliada de um para dois anos ou mais, e o prazo de pagamento, hoje de três a cinco anos, também deve aumentar.

Outra medida aguardada é a redução do prazo para compensação de PIS/Cofins de máquinas e equipamentos, de 12 para seis meses ou imediato. Segundo Monteiro, o governo ainda deverá ampliar a lista de bens de capital isentos de IPI.

Durante o evento, do qual participarão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, será apresentada uma escala gradativa para a volta das alíquotas do IPI sobre automóveis, entre outubro e dezembro.

Também será apresentada a formatação final de dois fundos garantidores de crédito: um reformulado já existente no BNDES e outro, com aporte inicial de R$4 bilhões, no Banco do Brasil, para cobrir inadimplência de micro e pequenas empresas.

Neto avalia, no entanto, que as medidas de estímulo ao setor de bens de capital surtirão efeitos na economia só em 2010. Para este ano, a previsão da CNI é que o país encolha 0,4%.