Título: Veto a pneus usados gera polêmica
Autor: Rodrigues, Lino;
Fonte: O Globo, 26/06/2009, Economia, p. 24
Entidades do setor dizem que haverá demissões; Greenpeace comemora
Lino Rodrigues e Liana Melo
SÃO PAULO e RIO. A Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR) calcula que a proibição da importação de pneus usados, determinada na quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), vai reduzir entre 20% e 25% o faturamento das empresas e, na mesma medida, o número de empregos no setor. As cerca de 1.200 reformadoras de pneus no país faturaram R$4 bilhões em 2008, com um total de 40 mil trabalhadores. A Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (ABIP) considerou a decisão dos ministros do STF "preconceituosa e equivocada". Já para o Greenpeace, a medida foi "um sopro de esperança".
A decisão do STF interrompeu uma prática antiga, que era a "solução ambientalmente adequada" de exportar o lixo para países emergentes, disse o diretor de Políticas Púbicas do Greenpeace, Sérgio Leitão:
- Estavam querendo transformar o Brasil numa lata de lixo. A decisão foi um sopro de esperança, porque foi a primeira vez que a variável ambiental conseguiu barrar interesses comerciais fortíssimos.
Segundo o diretor executivo da ABR, Friolani Lupercio, no entanto, o setor convive com a ameaça dessa proibição desde a década de 1990, quando o Departamento de Comércio Exterior (Decex) proibiu a importação. Por força de algumas liminares que não foram cassadas na Justiça, as empresas continuavam importando cerca de três milhões de carcaças por ano. Antes do veto, as compras superavam dez milhões de unidades por ano.
- A falta de matéria-prima (pneus) vai fazer o setor encolher entre 20% e 25% - disse Lupercio, lembrando que resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) permitia a importação desde que as empresas coletassem e destruíssem corretamente cinco pneus para cada quatro importados.
O presidente da ABIP, Francisco Simeão, disse que teve de fechar sua empresa - a BS Colway - em dezembro de 2007, depois que a liminar que permitia a importação de pneus foi cassada pela Justiça. Foram demitidos 1.200 trabalhadores.