Título: Kirchner encerra campanha com ataques a meios de comunicação
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 26/06/2009, O Mundo, p. 29

Ex-presidente argentino acusa mídia de atuar como partido de oposição

Janaína Figueiredo

BUENOS AIRES. O ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007) dedicou ontem grande parte de seu discurso de encerramento de campanha para atacar os meios de comunicação e defender o polêmico projeto de lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, que o governo de sua esposa, a presidente Cristina Kirchner, pretende enviar ao Congresso para substituir a atual Lei de Rádio Difusão, aprovada durante a última ditadura militar (1976-1983).

Três dias antes de uma eleição legislativa crucial para o futuro de seu projeto político (serão renovados a metade dos 257 deputados e um terço dos 72 senadores), Kirchner, que disputará uma vaga na Câmara, questionou a existência de "grupos concentrados" e assegurou que os meios de comunicação de seu país começaram a atuar como partidos políticos opositores desde que foi apresentado o projeto.

Acompanhado pelos principais ministros do Gabinete nacional e pela presidente, o líder peronista também aproveitou o ato realizado no município de La Matanza, um dos mais importantes da Grande Buenos Aires, para criticar a atitude do vice-presidente Julio Cobos (que nesta eleição terá candidatos próprios) e o discurso de seus adversários a favor da reprivatização da empresas estatizadas pelo casal K, entre elas, a Aerolíneas Argentinas.

- Não podem existir grupos concentrados que tentem se favorecer usando instrumentos que devem ser usados para informar com pluralidade. Queremos milhares de meios (de comunicação), que falem todos - declarou Kirchner, que chegou ao mercado central de La Matanza no helicóptero presidencial.