Título: Heloísa Helena bate, mas leva
Autor: Rios, Odilon
Fonte: O Globo, 26/06/2009, O País, p. 4

Vereadora chama colega de porca trapaceira e é processada

Odilon Rios

MACEIÓ. O estilo polêmico da ex-senadora e hoje vereadora Heloísa Helena (PSOL) provocou um processo por quebra de decoro parlamentar contra ela na Câmara de Maceió. Heloísa acusou a colega Tereza Nelma (PSB) de "ladra de prótese de criancinhas" e "porca trapaceira", depois de discussão sobre um projeto de extensão de mandatos para conselheiros tutelares. Nelma entrou ontem com o pedido de processo por quebra de decoro.

- Isso pode gerar cassação de mandato, mas o que quero é uma posição da Câmara. Heloísa está muito solta, não pode acusar pessoas de bem - disse Nelma.

- A vereadora Tereza Nelma colocou no bolso R$162 mil. Vereador pode roubar cofres públicos e não pode ser chamada de porca? - rebateu Heloísa Helena.

Semana passada, Heloísa apresentou projeto esticando o mandato de conselheiros tutelares em Maceió. Uma decisão judicial suspendeu as eleições e, pelo projeto, os conselheiros ficariam mais três meses nas funções, até que o imbróglio judiciário terminasse, mantendo o atendimento às crianças. Tereza Nelma foi contra o projeto, mas ele foi aprovado.

O clima ficou tenso. Heloísa teria acusado Nelma de copiar um projeto que serviria de argumento para derrubar a proposta dos conselhos tutelares. Tereza Nelma chamou Heloísa de mentirosa. Ao rebater, a ex-senadora fez acusações à vereadora do PSB.

- As acusações serão analisadas e podem gerar perda de mandato, se comprovadas - disse o presidente da Comissão de Ética, pastor Marcelo Gouveia (PR).

Há dois meses, Heloísa consultou o Ministério Público sobre a forma de pagamento da verba de gabinete dos vereadores, de R$27 mil. O MP respondeu que a verba era ilegal. O promotor Marcos Méro tenta extinguir a verba. Heloísa não a recebe desde janeiro, à espera da decisão judicial. Na semana passada, ela requereu cópias de investigações da Polícia Federal sobre supostos casos de pedofilia e prostituição infantil, envolvendo políticos de Alagoas. Há vereadores acusados de compra de votos, racismo e indiciados por mentir na PF. Nenhum processo foi aberto na Comissão de Ética.