Título: Governador de TO vai recorrer da cassação
Autor: Guardiola, Graziela
Fonte: O Globo, 27/06/2009, O País, p. 10

Um dia após a decisão do TSE, Marcelo Miranda recebe colegas dos estados da Amazônia e defende reforma política

Graziela Guardiola

PALMAS (TO). Depois de ter a cassação de seu mandato aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o governador de Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), teve poucas horas para se recuperar. Logo cedo, recebeu seis governadores e dois representantes dos estados da Amazônia Legal, além de um embaixador e do ministro da secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unguer. Miranda afirmou que vai recorrer da decisão, embora as chances de êxito sejam pequenas.

- Estou muito tranquilo. Não é o dia de ontem que vai fazer com que abaixe a cabeça. Pelo contrário, vamos continuar de cabeça erguida. A equipe está tranquila, sabendo de nossas responsabilidades.

E defendeu os colegas que estão no mesmo barco:

- Nós temos que correr atrás da reforma política. Foram três governadores cassados, podem ser quatro, cinco, seis. Não desejo aos colegas que ainda tiverem processo que aconteça algo com eles, porque quem perde com isso é a população.

Governadores da Amazônia se solidarizam com Miranda

Governadores da Amazônia Legal registraram em discursos e entrevistas apoio e solidariedade a Miranda.

- Quem perde mais é a população - disse o governador do Amapá, Waldez Góes.

O próximo a ser julgado pelo TSE, o governador de Rondônia, Ivo Cassol, também estava presente.

- Entreguei na mão de Deus. O cargo não é meu, é do povo - disse Cassol.

Na madrugada de ontem, por unanimidade, os ministros do TSE decidiram cassar os diplomas de Miranda e de seu vice, Paulo Sidnei. A acusação é de abuso do poder político. O que pesou foram as contratações de quase 30 mil comissionados e a distribuição de lotes e de 80 mil óculos.

- São óculos a perder de vista - disse o ministro Carlos Ayres Brito, provocando gargalhadas no julgamento.

Os ministros decidiram pela convocação de eleições indiretas e que o presidente da Assembleia, Carlos Gaguim (PMDB), deve assumir o cargo até a conclusão do processo eleitoral. No caso das eleições indiretas, a escolha passa a ser responsabilidade dos 24 deputados estaduais, entre eles, 17 aliados de Miranda, seis de oposição e um independente. Qualquer pessoa, filiada a partido político e que seja escolhida em convenção, pode se candidatar.