Título: Renan joga com apoio a CPI
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 27/06/2009, O País, p. 4

BRASÍLIA. O temor do governo em relação à instalação da CPI da Petrobras, às vésperas de um ano eleitoral, deverá ser usado pelo PMDB como moeda de troca para garantir o apoio do PT e de outros partidos aliados à permanência do senador José Sarney (PMDB-AP) no comando da Casa. Diante dos sinais do DEM de que poderá reavaliar, na próxima terça-feira, a sustentação política que vinha dando ao presidente do Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), começou a articular a tropa governista para ajudá-lo a frear o movimento pela renúncia de Sarney.

Preocupado com a repercussão negativa que sua nota da véspera tivera no DEM, já que se disse vítima de uma campanha midiática por apoiar o governo Lula, Sarney tentou desfazer o mal-estar ligando para senadores do partido. Ele passou ontem pela Casa, mas não chegou a presidir a sessão, de manhã. E despachou em seu gabinete pessoal.

Na saída, mais de uma dezena de seguranças cercaram Sarney para que escapasse das perguntas dos jornalistas que o aguardavam. No fim do dia, Sarney reuniu-se com Renan e Wellington Salgado (PMDB-MG). O líder do PMDB vai passar o fim de semana em Brasília, para socorrer Sarney caso surjam novas denúncias.

O presidente Lula reforçou a recomendação dada ao PT na semana passada de blindar Sarney, mesmo com o constrangimento de setores da bancada no Senado. O temor de Lula é que o PMDB, de fato, use a CPI da Petrobras para pressionar o governo.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), chamou de infeliz a forma como Sarney tentou se explicar:

- Foi uma frase infeliz, mas que reforça que o DEM não tem qualquer compromisso com Sarney, além daquele eleitoral que o ajudou a se eleger em fevereiro. Tanto que o presidente do Senado foi buscar o apoio do PT e do governo. O nosso, ele sabe que não terá se não tiver resposta para as nossas perguntas. (Adriana Vasconcelos, Gerson Camarotti e Isabel Braga)