Título: Do total, R$4,5 bi para baixar juro do BNDES
Autor: Beck, Martha; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 30/06/2009, Economia, p. 17

TJLP cairá para 6% ao ano. Crédito a máquinas e à inovação terão taxas reduzidas

BRASÍLIA e RIO. Para estimular investimentos, o governo anunciou ontem três frentes para reduzir o custo do crédito do BNDES, maior financiador da indústria brasileira. Hoje, o Conselho Monetário Nacional anunciará a diminuição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) - referência dos contratos corporativos - de 6,25% para 6% ao ano. Já o Tesouro abrirá mão do 1% adicional que cobra do banco pelo empréstimo de R$100 bilhões que lhe concedeu em janeiro - instituindo uma "TJLP careca" - e vai bancar até R$4,5 bilhões para equalizar os juros dos empréstimos para compra de máquinas e para inovação.

O empréstimo do Tesouro ao BNDES tinha taxa inicial de TJLP mais 2,5%. O governo já a havia reduzido em 1,5 ponto percentual. Agora, deixou a TJLP "careca", ou seja, sem adicional.

- As linhas de crédito que o BNDES oferta vão ser reduzidas de 1% a 1,25%. As principais linhas de crédito, de cara, estarão reduzidas em 1,25% - afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que brincou com o colega do Planejamento, Paulo Bernardo, ao explicar a "TJLP careca".

- Parece que foi uma homenagem ao Paulo Bernardo, por que eu tenho mais cabelo que você - disse ao colega, fazendo uma alusão à calvície de ambos.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ressaltou que o banco irá repassar o benefício imediatamente:

- O custo de recursos do BNDES foi reduzido. Isso nos permitirá reduzir na ponta para investidores e empresas.

Essa redução de custos será bancada pelo Tesouro destinando, nos primeiros seis meses, R$500 milhões para a equalização. Com isso, arcará com a diferença entre os juros tomados pela instituição no mercado e os cobrados dos empresários. Pode-se chegar a R$4,5 bilhões em oito anos.

A conta do governo leva em conta os R$42 bilhões emprestados na área de bens de capital pelo BNDES em 2008. Se considerado um período de seis meses - os financiamentos têm que ser contratados de julho a dezembro deste ano - seria um potencial de R$21 bilhões em empréstimos.

Linhas de crédito para compra de máquinas, ônibus, entre outros, terão seus juros reduzidos. No caso do financiamento à inovação, as taxas serão reduzidas de 4,5% para 3,5%.

Após o anúncio em Brasília, Coutinho participou de evento no Rio, no qual afirmou que entre abril e junho houve aumento no volume de consultas no BNDES. Segundo ele, a demanda por máquinas e equipamentos ainda é "tênue e modesta", mas deve crescer no último trimestre do ano:

- Isso acontece porque há uma melhoria no nível de confiança, de que o país pode ter mais horizonte.

Também ontem o Banco Central prorrogou até 30 de setembro de 2009 o prazo para dedução de compulsório sobre depósitos a prazo. A medida deixará em circulação no mercado R$38 bilhões. (Eliane Oliveira, Gustavo Paul e Martha Beck e Bruno Rosa)