Título: Agaciel oferecia empréstimos a senadores
Autor: Camarotti, Gerson; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 30/06/2009, O País, p. 3

Tião Viana confirma oferta de dinheiro "a fundo perdido" feita pelo ex-diretor-geral

Gerson Camarotti e Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. Além de ter repassado cerca de R$10 mil a um assessor do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), para que fosse resolvido um problema do tucano com seu cartão de crédito durante viagem ao exterior, em 2003, o ex-diretor do Senado Agaciel Maia teria oferecido empréstimos "a fundo perdido" a outros senadores. Após essa informação ser publicada pela revista "Época", o senador Tião Viana (PT-AC) confirmou ontem ter recebido uma proposta de ajuda financeira de Agaciel, que lhe disse, na ocasião, que fazia isso para outros senadores.

Petista queria cancelar plano de previdência

O senador petista disse que no início do seu mandato, em 2003, procurou Agaciel para pedir o cancelamento do plano de previdência do Senado, de cerca de R$1,9 mil, porque considerava mais vantajoso pagar outros dois planos de previdência: um como médico do governo do Acre e outro da Universidade Federal do Acre.

- Eu tinha um plano de previdência do Senado, mas estava apertado na ocasião. Como tinha passado em dois concursos, dei preferência aos outros dois planos. Fui falar com Agaciel para cancelar a previdência do Senado, e ele disse que poderia fazer isso a fundo perdido, para mim. E acrescentou que fazia isso para outros senadores. Mas não aceitei - disse Tião Viana ao GLOBO, por telefone.

Mais tarde, a assessoria de Tião disse que ele estava em São Paulo, acompanhando um parente em tratamento de saúde, e divulgou nota em que ele confirmava o que já havia dito ao GLOBO. O ex-diretor Agaciel Maia não foi localizado para se pronunciar.

De manhã, discretamente, Agaciel prestou depoimento à comissão de sindicância que investiga os atos secretos do Senado, respondendo a todas as perguntas dos investigadores. A comissão deve responsabilizar o ex-diretor pelos atos administrativos mantidos em segredo, com base em vários depoimentos.

Agaciel foi responsabilizado inicialmente pelo chefe de Publicação Franklin Albuquerque Paes Landim. As suspeitas teriam sido reforçadas pelo ex-diretor Alexandre Gazineo. Em entrevista ao GLOBO, semana passada, Gazineo disse que assinou vários atos, mas não sabia que seriam mantidos em segredo. O ex-diretor disse que não tinha condições de acompanhar a publicação de cada ato que assinava. Gazineo atribuiu a responsabilidade por esses atos a Agaciel e a João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos. E teria repetido as declarações à comissão de sindicância. A comissão deverá responsabilizar Zoghbi também por parte dos atos secretos.

O prazo dado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para a comissão concluir a investigação se encerra hoje. Até as 20h de ontem, integrantes da comissão ainda estavam interrogando testemunhas. Segundo um dos investigadores, o trabalho estava quase no final, mas era impossível prever se o relatório ficaria pronto ainda hoje.