Título: Senador vai à Casa, mas se defende por carta
Autor: Camarotti, Gerson; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 30/06/2009, O País, p. 3

BRASÍLIA. Mais uma vez o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), evitou aparecer no plenário para fugir das cobranças de explicações sobre a participação de seu neto José Adriano Cordeiro Sarney em contratos de empréstimos consignados para servidores da Casa. De seu gabinete pessoal, onde despachou ontem, Sarney encaminhou aos outros 80 senadores uma carta na qual nega que seu neto tenha se favorecido, anuncia que solicitou à Polícia Federal investigação sobre todos os empréstimos consignados feitos no Senado e reitera estar sendo vítima de fatos "deturpados por imprecisões, omissões e falsas ilações".

Citando uma nota divulgada pelo banco HSBC - uma das seis instituições que autorizaram a empresa de seu neto, a Sarcris, a agenciá-las em empréstimos consignados oferecidos a funcionários do Senado -, Sarney destaca que a instituição financeira teria começado a operar dentro da Casa em maio de 2005, enquanto a empresa de seu neto começou a atuar em setembro de 2007.

Sarney diz considerar que "a cronologia dos fatos e os modestos resultados empresariais, por si só, calam quaisquer insinuações de favorecimento". Ressaltou ainda que, quando assumiu a presidência da Casa, em fevereiro, a Sarcris já estava descredenciada pelo HSBC e não operava mais no Senado: "Assim, nenhuma ligação pode ser feita com a minha presidência".