Título: No conflito entre o MP e a polícia, só a criminalidade ganha
Autor: Alencastro, Catarina; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 30/06/2009, O País, p. 9

BRASÍLIA. Discreto, Roberto Gurgel Santos defende a autonomia do Ministério Público para investigar. Em entrevista recente ao GLOBO, Gurgel disse que não defende a ideia de o MP substituir a polícia, mas que a colaboração entre as duas instituições é desejável.

- Há casos em que a investigação terá proveito melhor se for conduzida pelo MP. É importante haver colaboração entre as entidades. No conflito entre o MP e a polícia, só a criminalidade ganha - disse.

Em 2007, quando o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza foi reconduzido ao cargo, Gurgel, cearense de 54 anos, foi o terceiro mais votado pelos colegas para ocupar o posto. A consulta foi feita a 790 procuradores de todo o país. Formado pela UFRJ, no Rio, Gurgel ocupou durante toda a gestão de seu antecessor o posto de vice-procurador-geral.

Gurgel já declarou que discorda da visão que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, tem do Ministério Público. Ele considera improcedentes as críticas que Gilmar tem feito ao MPF. Para ele, a posição de Gilmar não tem o respaldo da sociedade brasileira.

Gurgel acredita que as reações ao trabalho do MPF se avolumam à medida que o órgão caminha rumo à independência.

- À medida que o trabalho se intensifica, a reação a ele também cresce, e os adversários desse MP atuante e independente vão se mobilizando para criar embaraços. Isso faz parte do jogo político e do confronto das forças sociais - declarou ele, recentemente.