Título: Virgílio também teve funcionário fantasma
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Fonte: O Globo, 28/06/2009, O País, p. 9

Ex-secretário recebia salário mesmo morando no exterior

Isabel Braga

BRASÍLIA. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), admitiu ontem ter mantido um funcionário fantasma em seu gabinete.

Carlos Alberto Nina Neto, que foi seu secretário particular, continuou recebendo salário da Casa quando foi morar no exterior. O senador reconhece o erro, mas afirma que o fato é usado pelo ex-diretor geral do Senado Agaciel Maia para chantageálo. Nina Neto é filho de um amigo e assessor do tucano, Carlos Homero Vieira Nina.

A denúncia de que o tucano manteve um funcionário fantasma foi publicada pela revista ¿IstoÉ¿. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) também teria uma funcionária fantasma no gabinete. Segundo o jornal ¿Folha de S.Paulo¿, Vânia Lins Uchôa Lopes foi contratada em abril de 2005, quando Renan Calheiros presidia o Senado.

Vânia está lotada no gabinete da presidência da Casa, mas não dá expediente lá. Ela é casada com um primo de Renan, Tito Uchôa. A assessoria de Sarney admitiu que há casos de assessores herdados de outras gestões, mas não se referiu diretamente ao nome de Vânia.

Senador diz que pedirá investigação sobre si mesmo Virgílio afirmou que vai abrir seu sigilo bancário e que entrará com uma representação no Conselho de Ética contra si próprio, para que sejam investigadas as denúncias, e contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e trabalhará na coleta de assinaturas para a CPI dos Atos Secretos.

¿ Cometo a idiotice de permitir que o filho de um grande amigo permaneça ligado ao meu gabinete por um tempo, uma imbecilidade, um gesto paternal equivocado. Agaciel queria que eu me calasse para ele continuar roubando o Senado. Vou pedir que o Conselho me investigue, não tenho nada a esconder ¿ disse Virgílio.

Virgílio está no Amazonas, e disse não lembrar por quanto tempo Nina Neto recebeu salário.

O pai de Nina Neto, Carlos Homero, é funcionário do Senado desde 1979. Outro filho dele, Guarani Alves Nina, é secretário de Virgílio, lotado em seu gabinete. Um terceiro filho dele, Tomás Alves Nina, também já trabalhou para o senador.

De acordo com a reportagem, Agaciel teria depositado na conta de Virgílio US$ 10 mil quando o senador teve problemas com o cartão de crédito numa viagem particular a Paris, em 2003.

A revista diz que o Senado teria pagado R$ 723 mil pelo tratamento de saúde da mãe dele, quando o regimento permite gasto anual de R$ 30 mil.

Virgílio disse que pediu ajuda a Homero, que acionou Agaciel, de quem era amigo. Virgílio disse não saber que o dinheiro era de Agaciel. Sobre a mãe, o tucano lembrou que ela teve direito porque era mulher de ex-senador e que o ressarcimento foi referente a dez anos de tratamento do mal de Alzheimer.