Título: Bens de capital foram mais afetados
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 24/06/2009, Economia, p. 21

Sem investimentos, setor já encolheu quase 30% desde setembro

Cássia Almeida e Lino Rodrigues

RIO e SÃO PAULO. A crise financeira global atingiu em cheio o ânimo dos empresários e levou junto a produção e a importação de máquinas e equipamentos no país. Diretamente relacionada à perspectiva de uma economia em crescimento, a produção do setor de bens de capital já caiu 29,6% desde setembro e voltou aos níveis de produção de novembro de 2006. Na indústria geral, a queda foi a metade: 15% até abril, pelos dados do IBGE.

- O setor de bens de capital foi o último a sentir os efeitos da crise. Ainda estava operando com pedidos antigos. E não há a recuperação gradual que já observamos no resto da indústria - disse André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.

No emprego, o cenário declinante se repete. Desde janeiro, há uma sucessão de taxas negativas na indústria de máquinas e equipamentos. Desde janeiro, o quadro vem diminuindo. Somente em abril, a redução chegou a 8,5%, segundo o IBGE. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) informa que já foram cortadas 17 mil vagas.

Empresários defendem ação rápida para salvar setor

Já a importação de máquinas e equipamentos recuou cerca de 70% no semestre frente ao mesmo período de 2008.

- A indústria brasileira está com capacidade ociosa e não há financiamento para importar máquinas - disse Thomas Lee, presidente da Associação Brasileira de Importadores de Máquinas e Equipamentos (Abimei).

Reunidos em São Paulo, durante encontro do Fórum Nacional da Indústria, empresários defenderam ontem uma reformulação na Política de Desenvolvimento Produtiva (PDP) que, segundo eles, foi desenhada levando em conta o cenário econômico pré-crise. Eles defendem que o governo atue rápido para ajudar o setor de bens de capital, mais atingido pela crise.

- Não é razoável que se desmonte um setor que foi construído com um imenso esforço de capacitação, que não podemos abrir mão - defendeu Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).