Título: Ações no topo
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 01/07/2009, Economia, p. 17

Apesar da crise, aplicações em renda variável lideram ranking. Bovespa quase zera perdas

Bruno Rosa

Mesmo com a crise global, ações foram o investimento mais rentável nos primeiros seis meses do ano. Entre janeiro e junho, os fundos FGTS-Petrobras estão na liderança, com rentabilidade média de 43,62%, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). Já os fundos de ações que acompanham o Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo (Bovespa), ficou na segunda colocação, acumulando ganhos de 30,74%. E os FGTS-Vale ficaram com 27,91% até 25 de junho, último dado disponível. De 15 de setembro do ano passado, com a quebra do banco americano Lehman Brothers, até agora, a Bovespa praticamente zerou suas perdas: acumula queda de apenas 1,8%. Em relação a 27 de outubro, quando atingiu seu piso na crise (29.435 pontos), o Ibovespa sobe 74,84%. Para analistas, a valorização está ligada à forte entrada de capital estrangeiro no país. O Ibovespa sobe, de janeiro a junho, 37,06%, o que representa o melhor semestre desde o segundo de 2003, quando o Ibovespa acumulou alta de 71,41%, ainda em recuperação após o ano eleitoral de 2002.

Em seguida, aparecem os fundos de renda fixa e os DI, com ganhos de 5,55% e 5,36% no semestre, respectivamente, segundo a Anbid. A poupança perde, com 3,6% no período, segundo cálculos de Alexandre Espírito Santo, da ESPM-RJ. Os CDBs, por sua vez, tiveram ganho de 4,54% até junho, de acordo com a Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima).

Em junho, os fundos de ações tiveram queda de 2,48%. Segundo Fábio Colombo, administrador de investimentos, a Bolsa se recuperou a partir de março, mas, para aproveitar a alta recente, parte dos investidores vendeu seus papéis, derrubando os preços.

- Além disso, houve a revisão das expectativas de crescimento mundial para 2009 e 2010. Assim, após três meses de alta, a maioria das bolsas ao redor do mundo apresentou quedas em junho. No lado doméstico, diferentemente do que ocorreu nos últimos meses, também colaborou para o recuo do Ibovespa a saída líquida de recursos de investidores estrangeiros (em junho, o saldo externo da Bovespa ficou negativo em R$2,139 bilhões até sexta-feira). Essa queda deve continuar a curto prazo.

Espírito Santo também acredita que a retração da Bolsa vai continuar:

- O mercado surpreendeu. Isso aconteceu porque há a sensação de que o pior já passou. Mas a crise não acabou.

Nos primeiros seis meses do ano, a Bovespa se confirmou como a de melhor desempenho entre os principais mercados do mundo, descontando a variação do dólar, com ganho de 62,43%. O índice Dow Jones, principal da bolsa americana, acumula perda de 3,75% no período. Ontem, a Bovespa caiu 1,29%, aos 51.465 pontos, puxada pelo índice de confiança do consumidor americano pelo Conference Board, uma organização independente de análise econômica, que mostrou uma retração maior do que a esperada, de 54,8 em maio para 49,3 em junho. O dólar encerrou o dia em leve alta, de 0,05%, a R$1,964. A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) teve ontem seu último pregão viva-voz. A partir de hoje, todas as operações serão feitas on-line.

COLABORARAM: Felipe Frisch e Ronaldo D"Ercole