Título: Novo fundo que garante crédito vai gerar até R$48 bi em empréstimos
Autor: Duarte , Patrícia
Fonte: O Globo, 25/06/2009, Economia, p. 26

Mecanismo, voltado a pequenas empresas, pode ter banco privado como cotista

Patrícia Duarte

BRASÍLIA. O fundo de aval que o governo está criando para as micro e pequenas empresas - e que será gerenciado pelo Banco do Brasil (BB) - deverá permitir um total de empréstimos até 12 vezes maior do que os R$4 bilhões de capital total de que o mecanismo deverá dispor. Além disso, segundo fontes anteciparam ao GLOBO, a equipe econômica estuda permitir que os bancos privados sejam cotistas do fundo. Cobertas, as instituições poderão se animar a emprestar mais recursos.

Se todo o potencial do fundo for usado, com essa alavancagem de 12 vezes - número que está sendo considerado neste momento - o mercado poderá oferecer às micro e pequenas empresas até R$48 bilhões em empréstimos.

- O fundo deve ser bem parecido com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que a gente já conhece - afirmou uma fonte próxima às negociações, referindo-se ao fundo que assegura os depósitos de correntistas e poupadores e que tem participação dos bancos privados.

Inadimplência nas operações não poderá ultrapassar 7%

Para entrar no novo fundo de aval, os bancos terão de aportar 0,5% do valor da sua carteira de crédito. Esse valor também fará parte do patrimônio do fundo. De início, segundo a fonte, o Tesouro fará um aporte de R$2,5 bilhões para a constituição do fundo, mas poderá arcar com o restante para chegar aos R$4 bilhões já anunciados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O novo fundo de aval para micro e pequenas empresas permitirá aos bancos fazerem empréstimos de até 12 vezes o valor que aportarem e que serão garantidos em 80% por operação. Ou seja, a instituição financeira que reservar R$100 milhões no fundo de aval poderá emprestar até R$1,2 bilhão. E num empréstimo de R$100 mil a um cliente, o banco terá a garantia de que receberá R$80 mil em caso de calote.

A inadimplência nessas operações, no entanto, não pode ultrapassar os 7%. Acima desse valor, avalia a equipe econômica, o fundo pararia de garantir até que o nível caia abaixo desse patamar.

Segundo uma fonte, muitos bancos já mostraram interesse em fazer parte do fundo de aval. Eles, no entanto, não gostaram do fato de o BB ter sido escolhido para gerenciar o fundo. Preferiam que esse trabalho fosse realizado por terceiros, como acontece no FGC. Mas o governo não vai recuar.

Objetivo é oferecer linhas de crédito mais baratas

Com essa facilidade, o governo entende que as linhas de crédito para micro e pequenas empresas devem ficar mais baratas, com juros menores, já que o principal risco, o de inadimplência, praticamente não existirá mais. Além disso, as instituições financeiras deverão exigir menos garantias para fazer empréstimos a essas empresas que, afetadas pela crise, viram o mercado de crédito praticamente se fechar. Quando existia crédito, era muito caro e as garantias exigidas eram enormes.

O uso de fundos garantidores de crédito tem sido usual neste governo. Por causa da crise econômica, foi uma alternativa para injetar liquidez no mercado. Recentemente, a equipe econômica permitiu que fosse usada parte do FGC para garantir emissões de papéis de bancos pequenos e médios, que também se viram sufocados pela falta de recursos.