Título: Esforço para comprovar caixa dois
Autor: Luiz, Edson; Vaz, Lúcio
Fonte: Correio Braziliense, 06/04/2009, Político, p. 02

A Polícia Federal vai centralizar as investigações nos documentos apreendidos no dia da operação. Alguns deles mostram mais evidências sobre as doações, até maiores que um e-mail interceptado durante as investigações, servidores da construtora detalham quantias e beneficiários. A mensagem eletrônica, que acabou se tornando o principal foco das discórdias entre a base aliada e a oposição no Congresso, relacionava diversos partidos, inclusive o PT, mas isso não estava incluído no relatório parcial de investigação.

A Operação Castelo de Areia, realizada em 25 de março pela Polícia Federal, tinha objetivo prender 10 pessoas, entre funcionários da Construtora Camargo Corrêa e doleiros, que estavam sendo investigadas por crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro nacional. Porém, como o decorrer da apuração foram encontrados documentos relacionados a doações para campanhas políticas. Apesar de a PF ter visto apenas indícios de que os recursos eram de caixa dois, até agora nada está comprovado. Mas o episódio causou um grande problema político para o governo. Um relatório da investigação mostrou vários partidos como beneficiários da verba. O PT só apareceu posteriormente, mas não estava relacionado entre os demais.

A PF atribuiu o vazamento do relatório em que o PT não estava relacionado ao juiz da 6ª Vara Criminal federal, Fausto De Sanctis, que tornou sua decisão pública. O partido do governo aparece em e-mail em que um funcionário da Camargo Corrêa avisa um colega de que faltavam recibos das doações. Ele cita o PSDB por três meses (por não ter enviado comprovantes de doações anteriores e por receber recursos pelo diretório nacional e de São José dos Campos), PT, PTB e DEM.

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, vai afirmar aos senadores da CCJ, com quem estará na quarta-feira, que não houve dolo do delegado que investigou o caso. Para ele, o caso foi conduzido com habilidade e a apuração não tem chances de ser colocada em cheque pela oposição. Discurso semelhante ao do ministro da Justiça, Tarso Genro, que acompanhará Corrêa durante a sessão da comissão. Nos últimos dias, os dois fizeram várias declarações afirmando que a Operação Castelo de Areia teve como objetivo apenas esclarecer os crimes financeiros. Mas investigadores que atuam no caso acreditam que os documentos apreendidos podem resultar em novas frentes que gerariam em um inquérito exclusivo para tratar de doações de campanha. (E.L e L.V).