Título: Cordão de isolamento
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 03/07/2009, O País, p. 3
Seguranças usam faixas para afastar o presidente do Senado do assédio da imprensa
Isabel Braga e Adriana Vasconcelos
BRASÍLIA. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ganhou um esquema especial de proteção para circular na Casa. Ao sair do Senado para o almoço, ontem, Sarney passou por um corredor de isolamento, feito pela Polícia Legislativa da Casa, para que não fosse abordado por jornalistas. Segundo o chefe de Segurança, Pedro Araújo, a medida não foi tomada a pedido de Sarney.
- Ontem (anteontem) foi um dia muito tumultuado. Achei por bem prevenir, já que o presidente é uma pessoa de idade. Ele não pediu nada, fiz por conta própria. Esse esquema vai ser usado na saída e na entrada dele. Se ele quiser falar, ele para.
A segurança do Senado também foi reforçada. O corredor de isolamento é feito do elevador até o gabinete da presidência do Senado, atingindo também uma área de entrada e saída do plenário onde só passam parlamentares. Anteontem, um repórter do programa CQC, da TV Bandeirantes, foi jogado no chão pelos seguranças quando tentou fazer perguntas a Sarney.
O senador tentou mostrar normalidade no exercício do cargo. E teve e ajuda de uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, marcada há dias. Gilmar deixou o gabinete de Sarney afirmando que crise política se resolve com política e manifestando confiança na capacidade dos políticos brasileiros para superá-la. Segundo ele, Sarney não tratou da possibilidade de renunciar:
- As crises no ambiente político normalmente são passageiras ou retornam de outro modo. O Brasil tem uma classe política competente e que tem sabido superar as mais diversas crises. Tratamos de questões ligadas ao Judiciário, ao pacto republicano, questões ligadas aos subsídios dos magistrados. Na verdade, ele relatou a evolução da crise. Crise política se resolve com política. Tivemos uma conversa altiva, normal.
Ainda de manhã, Sarney recebeu delegação chinesa, quando se limitou a falar da importância do país como parceiro comercial do Brasil. Antes de sair do Senado, falou, por telefone, com o presidente Lula.